Nesta segunda-feira (27), a Procuradora-Geral do Peru, Patricia Benavides, acusou a presidente Dina Boluarte pelo suposto crime de homicídio em decorrência das mais de 40 mortes de manifestantes durante os protestos ocorridos entre dezembro de 2022 e março de 2023. As investigações contra Boluarte começaram ainda em janeiro deste ano, quando o Ministério Público acusava a presidente de “genocídio, homicídio qualificado e lesões graves”.
A Procuradora protocolou a queixa perante o Congresso, que tem até três meses para decidir em um processo parlamentar, se aceita a acusação. Em caso de decisão positiva, a denúncia pode resultar no impeachment de Boluarte. “Não se deve permitir a morte de nenhum peruano, assim como também não se deve permitir o abuso de poder.”, declarou Benavides em pronunciamento na TV.
Para Boluarte, a queixa contra ela é parte de uma “manobra política” usada por Benavides para desviar a atenção de denúncias por supostos atos de corrupção.
Procuradora é investigada
Patricia Benavides é alvo de investigações por supostamente montar uma rede criminosa no Ministério Público, na qual ela teria atuado como chefe de tráfico de influências e na troca de favores políticos. Nesta segunda-feira, a procuradora demitiu uma das integrantes da própria equipe, responsável por uma investigação contra a própria Benavides.
Em sua defesa, Benavides alegou estar sendo atacada por aqueles que se opõem ao seu trabalho. Para ela, as acusações servem para “desestabilizar a independência dos poderes”, mas não serão suficientes para que ela interrompa as investigações sobre as mortes nas manifestações no país.
Patricia Benavides é acusada de integrar rede criminosa no Ministério Público (Foto: reprodução/EFE/El País)
Relembre os protestos
Frustrados com os rumos da democracia peruana, a população foi às ruas protestar contra o então governo do presidente Pedro Castillo, pedindo uma nova Constituição e um novo sistema de governo. Além de rodovias bloqueadas, cidades inteiras foram fechadas como forma de demonstrar a insatisfação com a desigualdade de renda, carência de serviços públicos de qualidade etc.
Manifestantes protestam contra o governo da presidente Dina Boluarte (Foto: reprodução/AFP/Diego Ramos)
Em dezembro, Castillo foi acusado e preso após tentar dissolver o Congresso e governar por decreto. Com a queda, a então vice-presidente, Dina Bolouarte, assumiu o poder. Desde então, pelo menos 50 pessoas foram mortas, algumas com tiros nas costas e na cabeça.
Foto Destaque: Dina Boluarte é acusada por mortes de manifestantes (Foto: reprodução/EFE/Paolo Aguilar)