Durante conversa com correspondentes estrangeiros na noite de terça-feira (23), o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu a responsabilidade de seu país por crimes cometidos contra africanos e brasileiros durante a colonização no Brasil. Nas palavras de Rebelo de Sousa, Portugal “assume total responsabilidade pelos danos causados”, como, massacres a indígenas, a escravidão de africanos e bens saqueados destes povos. “Temos que pagar os custos (pela escravidão). Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos?”, declarou. O político sugeriu reparações pela escravidão, porém não especificou como será feito.
Posicionamento do presidente português
Em 2023, Rebelo defendeu que Portugal deveria pedir desculpas pelo período de escravidão. Entretanto, esta é a primeira vez que um líder português reconhece a culpa pelos crimes cometidos no período colonial brasileiro. O movimento de pagar reparações ou tomar outras medidas pela escravidão ocorrida no período entre os séculos XVI e XIX, vem ganhando força em todo o mundo. E inclui, também as ex-colônias britânicas nos esforços para determinar um tribunal especial, objetivando discutir sobre essa questão e combater o racismo sistêmico.
Ilustração da rotina dos africanos e indígenas escravizados no Brasil (Foto: reprodução/ Pictorial Parade/Getty Images Embed)
Escravidão no Brasil-colônia
No período colonial, o reinado português chegou a dominar países na África, (dentre os quais, Açores, Madeira, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Angola, Timor Leste) e Índia (Cochim, Goa e Colombo). Seguindo pesquisas históricas, Portugal traficou pelo menos 12,5 milhões de africanos. Esses africanos foram sequestrados em seus países e transportados a força, por longas distâncias, em navios com péssimas condições de higiene e alimentação. Os sequestrados que sobreviviam à viagem eram vendidos como escravos por comerciantes europeus, para trabalharem em plantações nas Américas, principalmente no Brasil e no Caribe.
Foto destaque: presidente Marcelo Rebelo de Sousa (Reprodução/Rodrigo Antunes/Reuters)