A Polícia Federal (PF) iniciou, nesta quarta-feira (04), a segunda fase da Operação Yosi, com o objetivo de investigar empresários suspeitos de desvio de medicamentos destinados à comunidade indígena Yanomami em Roraima.
Segundo as investigações, aproximadamente 10 mil crianças indígenas podem ter ficado desprovidas de assistência devido a esse desvio.
O principal alvo dessa operação é um empresário que já havia sido detido anteriormente em outra operação da Polícia Federal relacionada ao superfaturamento de oxigênio destinado aos Yanomami.
Família Yanomami nas proximidades do Hospital de Campanha Yanomami (Foto: reprodução/Agência Brasil/Rovena Rosa)
De acordo com as informações da PF, esse empresário teria desviado mais de R$ 4 milhões, recursos que deveriam ser destinados aos cuidados de saúde da comunidade indígena.
Mandados de busca e apreensão
Foram executados quatro mandados de busca e apreensão, todos na cidade de Boa Vista, em Roraima, emitidos pela 4ª Vara da Justiça Federal no estado.
As investigações indicam que, além do empresário mencionado, outras pessoas estariam envolvidas nos crimes em investigação, incluindo empresários e servidores do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), órgão responsável pela saúde indígena Yanomami e vinculado ao Ministério da Saúde.
Os suspeitos teriam realizado transações financeiras em empresas suspeitas, aparentemente com o propósito de ocultar a ilegalidade do dinheiro desviado.
Operação Yoasi
A primeira fase da Operação Yoasi, realizada em novembro de 2022, concentrou-se na investigação desse suposto esquema, que teria deixado crianças Yanomami sem acesso adequado a medicamentos, resultando na efetiva entrega de apenas 30% dos medicamentos adquiridos pelo Dsei-Y.
Os principais crimes investigados abrangem fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e inserção de dados em sistema de informação. As penas previstas para esses tipos de crimes podem chegar a 35 anos de prisão.
Na primeira fase da operação, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão na capital Boa Vista. Entre os alvos estavam os ex-coordenadores do Dsei Yanomami, Rômulo Pinheiro e Ramsés Almeida da Silva, a farmacêutica Cláudia Winch Ceolin, o assessor de Ramsés, Cândido José de Lira Barbosa, e o empresário Roger Henrique Pimentel, proprietário da empresa Balme Empreendimentos LTDA, todos eles sob investigação por suposta participação no esquema.
Foto destaque: Viatura da Polícia Federal. Reprodução/Polícia Federal