Os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), apontam que a porcentagem de crianças matriculadas no 2° ano do ensino fundamental que não sabem ler e escrever dobrou significativamente do ano de 2019 para 2021, os dados foram divulgados nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). O Saeb é uma avaliação externa realizada a cada dois anos que permite o diagnóstico da educação básica e as interferências no desempenho escolar dos alunos.
O desempenho dos estudantes é medido através de uma prova nacional aplicada para alunos da rede pública e privada, os cálculos realizados apontam que o índice subiu de 15% em 2019 para 34% em 2021. O crescimento ocorreu quando as aulas presenciais passaram a ser feitas de forma remota devido à pandemia da COVID-19.
Esses dados revelam um atraso pedagógico, pois em 2019 a Política Nacional de Alfabetização estipulou que as crianças do 1° ano do ensino fundamental já soubessem ler e escrever algumas coisas.
A coordenadora geral substituta do Saeb afirma que: "Isso não foge do esperado. Nesta faixa etária a mediação presencial do professor é especialmente importante".
O Sistema de Avaliação da Educação Básica realizado em 2021 revelou que as instituições com infraestrutura baixa não conseguiram oferecer o ensino remoto, a situação piorava entre aqueles alunos que possuíam a renda baixa o atraso foi bem maior do que aqueles que receberam o ensino EAD. Segundo o Saeb, 22% das crianças do 2° ano não sabem fazer operações básicas, em 2019 o índice era de 16%.
Escola em situação precária (Foto/Reprodução: UFGD)
Especialistas relatam que a situação pode ser bem pior, visto que no momento da aplicação da avaliação muitas escolas permaneciam com as aulas suspensas ou online. O Inep divulgou que 71,3% dos alunos realizaram a prova, sendo 80,99% a porcentagem no ano de 2019.
"É complicado comparar uma rede em que 95% dos alunos fizeram a prova com outra em que 50% prestaram o exame. Aqueles alunos que não compareceram tendem a ser os que estavam em maior vulnerabilidade afastados da escola mesmo que de forma não proposital, isso seleciona os alunos participantes na nota", afirma o líder de políticas educacionais da ONG Todos pela Educação, Gabriel Correia.
Alfabeto em uma sala de aula (Foto Destaque: Eick Mem)