Na última segunda-feira (27), a Igreja Católica emitiu um pedido de desculpas do Papa Francisco por comentários considerados "homofóbicos" ao se referir à presença de homens gays nos seminários durante uma recente reunião a portas fechadas com bispos italianos. A fala do pontífice gerou diversas reações e levou o Vaticano a reiterar o compromisso do Papa com a inclusão e o respeito dentro da Igreja.
Comentários polêmicos e reações
Durante um encontro fechado com membros da Conferência Episcopal Italiana (CEI), o Papa Francisco foi criticado por ter utilizado o termo “frociaggine”, que em tradução livre para o português assemelha-se à expressão “viadagem”, ao referir-se à presença de homens gays nos seminários da Igreja Católica. Relatos indicam que o pontífice instruiu os bispos a não permitirem que homens abertamente homossexuais treinassem para o sacerdócio. A declaração, feita no dia 20 de maio, foi recebida com risadas pelos bispos presentes, que afirmaram ser apenas uma gafe linguística, considerando que o italiano não é a língua materna do Papa.
Os jornais italianos Corriere della Sera e La Repubblica divulgaram a notícia, causando grande repercussão e alimentando debates sobre a posição da Igreja em relação à comunidade LGBTQIA+. Bispos presentes na reunião alegaram que Francisco não teve a intenção de ofender e que o termo utilizado refletia uma falta de familiaridade com o jargão pejorativo local.
Papa Francisco entrega sua bênção dominical do Angelus (Foto: reprodução/Vatican Pool/Getty Images)
Resposta do vaticano e pedido de desculpas
Diante da controvérsia, o Vaticano emitiu um comunicado oficial nesta terça-feira (28), esclarecendo que o Papa Francisco nunca teve a intenção de usar linguagem homofóbica. O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, enfatizou que o Papa pede desculpas a todos que se sentiram ofendidos por suas palavras. O comunicado reforçou a mensagem de inclusão pregada por Francisco, lembrando declarações anteriores em que o pontífice afirmou que "na Igreja há lugar para todos".
A polêmica trouxe à tona a orientação do Vaticano desde 2005, que desaconselha a admissão de homens que pratiquem a homossexualidade ou tenham tendências profundamente enraizadas nos seminários. A Igreja afirma aceitar gays, desde que escolham a castidade e demonstrem ter superado tais tendências há pelo menos três anos. Apesar da fala polêmica, o Papa Francisco tem buscado promover uma Igreja mais inclusiva e acolhedora. Ao tratar do assunto na jornada da juventude em Lisboa, o pontífice destacou que ninguém é inútil ou supérfluo dentro da comunidade católica.
Foto destaque: Papa Francisco no cemitério de guerra Romano (Reprodução/Instagram/@franciscus)