Neste domingo de Natal, 25, o papa Francisco fez um apelo para “silenciar as armas” na Ucrânia, país afetado por uma “guerra sem sentido”, em meio a sua tradicional mensagem desta época festiva do ano e voltou a recordar outras regiões de conflito no mundo.
Diante de milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro do Vaticano, inclusive, alguns com bandeiras ucranianas, o papa argentino declarou: "Que o nosso olhar seja preenchido com os rostos dos irmãos e irmãs ucranianos, que vivem este Natal no escuro, sob a intempérie ou longe de suas casas, por causa da destruição provocada por 10 meses de guerra".
O mesmo acrescentou: “Que o Senhor nos prepare a fazer gestos concretos de solidariedade para ajudar aqueles que estão sofrendo e ilumine as mentes daqueles que têm o poder de silenciar as armas e acabar de maneira imediata com esta guerra sem sentido”.
“Lamentavelmente se prefere escutar outras razões, ditadas pelas lógicas do mundo”, afirmou o papa, antes de constatar “com dor que […] os ventos cruéis da guerra continuam a soprar sobre a humanidade”.
O papa Francisco, 86, defende incansavelmente a paz desde que a Rússia invadiu a Ucrânia no dia 24 de fevereiro.
De acordo com informações do “Correio Braziliense”, o sumo pontífice, antes de pronunciar a bênção “Urbi et Orbi” (à cidade e ao mundo), deu destaque aos conflitos que estão abalando o mundo, o que faz com frequência, e citou 10 países afetados por violências ou tensões, que descreveu como “cenários desta Terceira Guerra Mundial”.
O papa Francisco, de 86 anos, defende a paz de maneira incansável desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro. https://t.co/sWjSqkEEIO
— Correio Braziliense (@correio) December 25, 2022
Post sobre a fala do papa. (Reprodução/Twitter @correio)
O papa Francisco, no caso, mencionou o Afeganistão, o conflito israelense-palestino, lêmem, Síria, Mianmar, Líbano (nação assolada por grave crise econômica e social) e Haiti, onde mais de 1.400 indivíduos morreram em atos de violência em 2022, conforme a ONU.
Além disso, pela primeira vez, o papa citou o Irã, cenário de uma onda de protestos desde a Revolução Islâmica do ano de 1979, com mais de 14.000 detenções desde setembro, de acordo com a ONU, e 469 manifestantes mortos, conforme a ONG “Iran Human Rights”, com sede em Oslo.
O sumo pontífice também pediu que a comida não seja utilizada como “arma”, fazendo referência aos conflitos que afetam em particular a região do Chifre da África.
O papa Francisco declarou que: “Toda guerra - sabemos - provoca fome e usa a própria comida como arma, impedindo sua distribuição entre as pessoas que já estão sofrendo. Neste dia, aprendendo com o Príncipe da Paz, nos comprometamos todos - em primeiro lugar os que têm responsabilidades políticas - para que a comida não seja mais que um instrumento de paz”.
De acordo com o Vaticano, quase 7.000 pessoas estiveram presentes no sábado à noite à Missa do Galo oficiada pelo papa na basílica de São Pedro. Outras 4.000 pessoas, que não conseguiram os ingressos, puderam acompanhar a cerimônia por meio dos telões instalados do lado de fora do templo.
O papa argentino rezou pelas “crianças devoradas pelas guerras, a pobreza e a injustiça” e também lamentou que “os homens e mulheres em nosso mundo, em sua fome de riqueza e poder, consomem até mesmo seus vizinhos, seus irmãos e irmãs”.
Francisco convidou os fiéis para um distanciamento do cenário mundano e também para redescobrir o sentido do Natal, através de uma igreja de caridade a serviço dos pobres.
Foto Destaque: O papa Francisco. Reprodução/Andreas Solaro/AFP.