Um escândalo vem atingindo o futebol brasileiro nas últimas semanas e novas revelações estão surgindo conforme a operação do Ministério Público de Goiás vai avançando. A operação penalidade máxima iniciada no fim de 2022 está revelando que partidas estão sendo manipuladas por quadrilha, onde oferecem dinheiro a jogadores de futebol, das séries A e B, em troca de ganhos financeiros altos em casas de apostas.
Os atletas aliciados são induzidos desde tomar um cartão amarelo ou vermelho a cometer um pênalti. Os valores variam de acordo com a divisão do atleta e o tipo de ocorrência no qual deveriam cometer. Os ganhos dos participantes dessa quadrilha aumentavam de acordo com a infração cometida pelos jogadores, pois nas casas de apostas usualmente os valores duplicavam ou triplicavam conforme o tipo da aposta.
O valor mais alto oferecido pela quadrilha a um único jogador, segundo o Ministério Público goiano, foi o de R$ 500 mil e teria sido oferecido ao atleta Fernando Neto, que atuava em 2022 no time do Operário de Cascavel, no Paraná. Esse valor teria sido oferecido para que o atleta cometesse um pênalti no jogo contra o Sport, pela série B do campeonato brasileiro. Neto recebeu adiantado a quantia de R$ 40 mil reais.
Valores mais baixos foram oferecidos, e o de menor valor foi feito ao jogador Moraes Junior, atleta que representava o clube Juventude, do Rio Grande do Sul e que disputava a Série A, até o ano passado. O valor de R$ 30 mil reais teriam sido oferecidos para que o atleta tomasse um cartão amarelo no jogo contra o Palmeiras. O adiantamento foi de R$ 5 mil reais. Segundo informações do clube gaúcho, Moraes recebia por mês um salário de R$ 12 mil reais.
Ministério público investiga manipulação de resultado no futebol brasileiro (Foto: reprodução/twitter/G1)
Conforme a operação avança, está na segunda fase, vão se descobrindo novos valores e mais atletas envolvidos. Alguns nomes estão sendo revelados, como é o caso do atleta do Santos, afastado pelo clube, Eduardo Bauermann e de Igor Cárius, até 2022 era atleta do clube Cuiabá.
Eduardo Bauernann teria recebido um adiantamento de R$ 50 mil reais para tomar um cartão amarelo no jogo entre Santos x Avaí, pelo campeonato brasileiro da série A de 2022, e o atleta não conseguiu cometer a infração. Já Igor Cárius teria recebido adiantamento de R$ 5 mil reais para tomar também um cartão amarelo na partida de seu time contra o Ceará.
Operação Penalidade Máxima:
A operação começou no fim do ano de 2022, após Hugo Jorge Bravo, que é policial e presidente do clube Vila Nova de Goiás ter recebido uma denúncia de que um atleta de seu time, o jogador Romário, que atua na posição de meio campista, teria recebido dinheiro para cometer infrações em algumas partidas da Séria B do campeonato brasileiro daquele ano.
Romário aceitou R$ 150 mil reais para cometer um pênalti contra sua equipe em um jogo contra o Sport. O jogador recebeu R$ 10 mil adiantados e o restante após a partida, pois o atleta fez o pênalti.
Todo a investigação inicial foi feita por Hugo, que declarou que quando fez a denúncia diretamente ao Ministério Público de Goiás, ela não foi aceita, tendo ele próprio ter que reunir todas as provas e levar a justiça para que de fato fosse investigada.
Ao todo 15 jogadores já foram denunciados e viraram réus na justiça de Goiás.
Até então, 4 jogadores fizeram acordos para serem testemunhas, com o Ministério Público, a fim de terem suas penas reduzidas.
Nomes de 34 jogadores aparecem até essa segunda fase, nominalmente, em conversas entre os envolvidos na quadrilha e no esquema. Ainda não se pode confirmar o envolvimento desses atletas.
Até o momento não houve jogadores presos, porém muitos deles já foram afastados ou tiveram seus contratos rescindidos pelos clubes no qual atuam.
Apontado como o líder da quadrilha, Bruno Lopez se encontra preso e teve sua prisão preventiva prorrogada pelo MP de Goiás.
Uma terceira fase da operação está em andamento. O Ministro da Justiça, Flavio Dino afirmou na semana passada que a Polícia Federal também entrará no caso para investigar a fraude, porém o MP de Goiás não deixará de investigar o caso, pois há muitas provas nas últimas buscas e apreensões feitas por eles.
Foto Destaque: Operação Penalidade Máxima apura casos de fraudes em partidas de futebol. Reprodução/Twitter