Nesta terça-feira, 15, a população total da Terra deu um salto, alcançando a marca de 8 bilhões de habitantes, conforme projeções do Departamento de População da Organização das Nações Unidas (ONU). Em meados deste ano, a ONU já havia declarado de maneira oficial que em algum momento de novembro o planeta chegaria a 8 bilhões de residentes, logo sendo apenas uma questão de tempo. O aumento na casa do bilhão se dá após 11 anos em que o mundo registrou 7 bilhões de humanos, em 2011. Após uma década de muitas mudanças, principalmente no campo científico e tecnológico, o mundo já sente que seu crescimento populacional está cada vez menor, com outras estimativas do Departamento de População da ONU pontuando que o decréscimo da população total da Terra chegará em 2086, com possivelmente o mundo tendo cerca de 10,4 bilhões de habitantes.
Desde 1800 até 2022, a Terra assentuou uma expoente elevação na quantidade de pessoas em pouco período de tempo. De 1800 até 1928, período que o mundo passou de 1 para 2 bilhões de humanos, foram 128 anos de intervalo de tempo, com os vindouros aumentos sendo apresentados cada vez em menor diferença temporal: de 1928 até 1960, foram 32 anos para que o terceiro bilhão viesse; já de 1960 até 1975, ou seja, 15 anos de diferença, menos da metade em relação ao evento passado, o mundo consagrou 4 bilhões de humanos.
Uma estabilizada no expoente da população mundial foi registrada em 1987, 1999 e 2011, quando a Terra registrou 5, 6 e 7 bilhões de pessoas, respectivamente. Ambos os três períodos 'demoraram' 11 anos para que tal feito fosse visto.
Multidão nas ruas da índia. (Foto: Reprodução/ Getty Images/ BBC News Brasil)
Segundo as projeções da ONU, este acentuado crescimento já deve apresentar mais demora a partir de agora, com a Organização das Nações Unidas estimando que pode demorar 15 anos para que o mundo chegue a nove bilhões de pessoas e 35 anos para aumentar para 10 bilhões. Gráficos apresentados pelo Departamento de População pontuam que em 2038, 16 anos mais para frente, o mundo registre nove bilhão de pessoas. Em 2050, os estudos demonstram que a Terra estará com 9,7 bilhões de habitantes, em 2056 a população finalmente atingirá 10 bilhões e em 2086 o mundo acumulará, somente, 10,4 bilhões de humanos.
O decréscimo é apontado pela alta conscientização da população global sobre a educação sexual e mais oportunidades no campo de desenvolvimento social, tornando-as mais ocupadas e engajadas com seus deveres de trabalho, mudando possivelmente suas mentalidades acerca de família e seu tempo de administração para gerenciar uma. Ao mesmo tempo, países com mais avanços e progresso, geralmente Estados que foram pioneiros em urbanização, industrialização e aumento de produtividade, registram atualmente uma queda da fecundidade e aumento etário de sua população. É o que explica Cássio Turra, professor do Departamento de Demografia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal Minas Gerais (UFMG) , em entrevista ao Valor:
"Grande parte dos países ricos já enfrenta redução da população. Em compensação, países pobres, como na África e na Ásia, continuam com crescimento mais acelerado. Esses dois bilhões a mais de população serão principalmente em países do terceiro mundo Esses países são ricos exatamente porque a mortalidade caiu, a taxa de fecundidade caiu e aproveitaram o bônus demográfico, a maior quantidade de adultos em idade ativa, para produzir mais"
Cássio também afirma que estes países, por terem mais infraestrutura financeira, tecnológica e social; sua população nativa possui maiores chances de chegar a idades mais avançadas que comparadas com países menos desenvolvidos, como de continentes da África e Ásia, citados pelo professor, fazendo com que sua proporção de pessoas com idade avançada aumente, consquentemente. A Organização das Nações Unidas (ONU) já realizou um estudo estimativo que aponta um aumento de 6% de idosos em 2050, que seria suficientemente capaz do número de pessoas com 65 anos ou mais de idade ser mais que o dobro que o das crianças abaixo de 5 anos, e igual ao de crianças abaixo de 12 anos.
Índia superará China como país mais populoso da Terra. (Foto: Reprodução/ Getty Images/ BBC News Brasil)
Ainda no estudo feito pela ONU, 61 Estados devem apresentar diminuição de 1% ou mais de sua população e uma taxa de fertilidade inferior a 2,1 filhos por mulher entre os anos de 2022 e 2050. Inclusive no Brasil, que deve cair da sétima posição (215 milhões de habitantes) para o oitavo lugar, com cerca de 231 milhões de brasileiros até lá.
Os únicos países que demonstraram um aumento de sua população - em paralelo ao decaimento da taxa de fecundidade de países mais desenvolvidos - foram Egito, Etiópia, Filipinas, índia, Nigéria, Paquistão, República Democrática do Congo e Tanzânia. As projeções da ONU revelaram que mais da metade da população global até 2050 - período que o mundo, supostamente, estará com 9,7 bilhões de humanos - serão provenientes destes países.
Em especial, Nigéria e índia: O país africano-ocidental deve passar de sexto para quarto país mais populoso do mundo em 2050; e a índia passaria com muita margem a China, atualmente o país que contém mais habitantes globalmente, já em 2023. Em 2050, a índia terá cerca de 1,7 bilhão de pessoas, muito acima da China, que reduziria sua população para 1,3 bihão. Desde 1990, o país asiático salta sua população anualmente.
Foto Destaque: Multidão de pessoas. (Foto: Reprodução/ Getty Images/ O Tempo)