O Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana (UA) se reuniu no dia 14 deste mês, resultando na decisão de suspensão da participação da República do Níger de quaisquer de suas atividades e de seus órgãos e instituições até que a ordem constitucional se restabeleça no país, segundo o documento publicado pela UA, na semana seguinte ao encontro. A União ainda deixou em aberto uma possível intervenção militar para o restabelecimento da ordem.
Tomada de poder foi anunciada na TV
O Níger sofreu um golpe de Estado no final do mês passado e é o quarto país da África Ocidental a passar por essa situação. O porta-voz do exército do país, o coronel Amadou Adramane, se pronunciou na rede de TV nacional no dia 29 de julho para anunciar o golpe. Os militares disseram que a Constituição do país foi dissolvida e todas as instituições tiveram suas atividades suspensas. Além disso, suas fronteiras foram fechadas e um toque de recolher foi anunciado para começar a funcionar das 22h as 05h do horário local.
Grupo de militares anuncia pela TV o golpe de Estado no Níger. (Foto: Reprodução/RTN Níger)
O presidente deposto, Mohamed Bazoum foi preso por tropas da guarda presidencial. Bazoum foi eleito de forma democrática em 2021 e sempre foi muito importante na luta contra grupos militantes islâmicos que atuam na África Ocidental. O general Abdourahamane Tiani assumiu o comando do país.
Durante o anúncio na TV, o coronel Adramane disse: "Nós, as forças de defesa e segurança, decidimos pôr fim ao regime que você conhece(...) Isto ocorre depois da contínua deterioração da situação de segurança e da má governança econômica e social(...) Pede-se a todos os parceiros externos que não interfiram".
União Africana quer agir diplomaticamente
Em sua declaração, a UA deixou clara a preferência por agir de forma diplomática e apoiou o compromisso da Cedeao (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental) em restaurar a ordem constitucional dessa mesma maneira. Porém, no último dia 10, a Cedeao manifestou uma intenção de usar a força militar para que isso ocorra, mas sem divulgar a data nem os detalhes para que realmente aconteça. Ainda no comunicado, o CPS diz que tomou nota da decisão de interferência militar, desde que sejam avaliadas questões de segurança, econômicas e sociais.
Abdourahamane se pronunciou no último sábado (19/08), dizendo que meios agressivos não são defendidos por todos e anunciou que um período de três anos deve ser o necessário para fazer uma espécie de transição e, que após esse tempo, o poder do país seria devolvido aos civis.
Foto destaque: Niamei, capital do Níger sob fumaça de incêndio. Reprodução/Boureima Balima e Moussa Aksar/Reuters via CNN Brasil