O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia expressou sua profunda desaprovação aos comentários feitos pelo Papa Francisco em relação ao conflito de dois anos entre a Ucrânia e a Rússia, convocando o representante diplomático permanente da Santa Sé, conhecido como núncio papal, nesta segunda-feira (11).
Em uma entrevista à emissora suíça RSI, cuja transmissão integral está agendada para o dia 20 de março (quarta-feira), o pontífice instou a Ucrânia a "demonstrar a coragem da bandeira branca" e a iniciar negociações com a Rússia para pôr fim ao conflito.
Desaprovação ucraniana e expectativas internacionais
O comunicado emitido pelo Ministério das Relações Exteriores destacou a decepção com as declarações do Papa, argumentando que tais comentários "legitimam o direito do poder e incentivam ainda mais o desrespeito às leis internacionais". O embaixador do Vaticano na Ucrânia, arcebispo Visvaldas Kulbokas, foi informado sobre a posição ucraniana em relação aos comentários papais.
Bandeira da Ucrânia na Praça de São Pedro (Foto: Reprodução/Alberto Pizzoli/AFP)
Além disso, o Ministério expressou a expectativa de que o Papa envie "sinais claros" à comunidade internacional sobre a necessidade urgente de união para garantir a prevalência do bem sobre o mal neste conflito.
Resposta de Zelensky e propostas de paz
A Ucrânia reiterou seu compromisso com a busca pela paz, enfatizando a importância de que ela seja justa e baseada nos princípios da Carta das Nações Unidas e na fórmula de paz proposta pelo presidente Volodymyr Zelensky.
Em resposta aos comentários do Papa, Zelensky afirmou no domingo passado que figuras religiosas distantes não deveriam se envolver em "mediação virtual entre alguém que quer viver e alguém que quer destruí-lo".
O plano de paz proposto pelo presidente ucraniano inclui a retirada das tropas russas, um retorno às fronteiras de 1991 da Ucrânia e a responsabilização legal da Rússia por suas ações. No entanto, a Rússia argumenta que não pode negociar sob essas premissas.
Foto destaque: Papa Francisco (Reprodução/REUTERS)
