De acordo com os dados levantados pelo Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicíliod Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e analisados pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, referem-se aos anos de 2019 a 2022, porém, estes 15,5% de trabalhadores com ensino superior completo não estão atuando em suas áreas de formação, pois as vagas preenchidas por eles não exigem tal nível de escolaridade.
Motivos do aumento
Acredita-se que tal fenômeno se dê por conta do aumento da escolarização no Brasil, devido à facilidade de acesso, principalmente ao ensino privado, pelos programas federais de financiamento. Há também o fato de que o mercado de trabalho parece não acompanhar a oferta de tais, assim como o aumento considerável de vagas nos setores de comércio e de serviços - que não necessitam de uma formação específica.
Ou seja, o sonho de uma melhor colocação no mercado de trabalho através do ensino, já não é mais uma garantia de sucesso profissional na área em que se deseja.
Maior escolaridade entre os concorrentes (Foto: reprodução/Portal Iede)
Atuação entre classes sociais
E o acesso ao ensino superior não foi capaz de diminuir as desigualdades sociais no país. Segundo os dados levantados, os trabalhadores de níveis de renda mais baixos, mesmo com formação superior, continuam a ocupar posições condizentes com seu nível social, ou seja, não alcançaram cargos que exigem tais formações.
Estes, continuam a ser ocupados pelos mais abastados financeiramente, ou seja, o quadro geral do mercado de trabalho não se alterou com a maior escolarização de um número maior de brasileiros.
Segundo o diretor técnico do DIEESE, Fausto Augusto Junior, o que se constata é que o nível de formação, ou qualidade do ensino, não é o que garante uma boa posição profissional, mas o “QI”. Em putras palavras, sua “rede de contatos” é que definirá o quão bem-sucedido profissional e financeiramente você será.
O que, possivelmente, pode desmotivar as pessoas de classes mais baixas a seguirem para a formação superior, uma vez que não se tem o resultado esperado, depois de tanto esforço.
Segundo o relatório final elaborado pelo DIEESE, a problemática está na “baixa capacidade da economia brasileira” de incorporar estes profissionais com formação superior, o que visa a necessidade de uma reorganização de seus “sistemas e cadeias” de produção.
Foto destaque: aumento no mercado de trabalho (Reprodução/Jornal UFG)