O Mapbiomas conduziu um extenso estudo que abarcou o período de 1985 a 2022, e seus resultados apontam para o notável destaque das Terras Indígenas (TIs) no Brasil como áreas de conservação exemplares.
Conservação e desafios
Segundo os achados dessa pesquisa, durante esse intervalo de tempo, as TIs testemunharam uma redução de menos 1% na vegetação em comparação com 17% em terras privadas. As TIs ocupam uma parcela de 13% do território nacional e abrigam aproximadamente 112 milhões de hectares (o equivalente a 19% do total) da vegetação nativa do Brasil.
Professora e líder indígena Anália Nawa à beira de Igarapé, em meio na Amazônia: povo Nawá faz autodemarcação da Terra Indígena, no Acre, para preservar floresta (Foto: reprodução/Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)
Neste estudo, o Ipam revisou todas as 332 TI pertencentes ao bioma Amazônia, das quais continham 44 isolados. Durante o período de 2019 a 2021, especialmente nos primeiros três anos da gestão Bolsonaro, as ameaças a esses territórios se intensificaram de forma significativa, apesar de historicamente as Terras Indígenas (TIs) serem as áreas públicas menos afetadas pelo desmatamento. Isso é evidenciado por um levantamento publicado no início do ano.
Recursos naturais e ecossistemas
Para Tasso Azevedo, o coordenador do Mapbiomas, esses números destacam o papel crucial das terras indígenas na preservação dos recursos naturais e na oferta de serviços ecossistêmicos. Isso é particularmente notável, considerando as crescentes pressões enfrentadas por essas áreas, frequentemente vindas de garimpeiros e madeireiros.
“Demonstra de maneira clara que as terras indígenas desempenham um papel fundamental na proteção dos recursos naturais em benefício de todos nós, com todas as repercussões que isso acarreta, incluindo os serviços prestados por essas florestas.". comentou Tasso Azevedo, coordenador do Mapbiomas.
Nesse levantamento, foram identificadas seis das dez terras com o maior aumento no desmatamento no bioma amazônico. Entre elas, destacam-se as TIs de povos isolados, como Ituna/Itatá, Kayapó e Munduruku no Pará, Yanomami em Roraima e Amazonas, além de Piripkura e o Parque do Xingu em Mato Grosso
Foto destaque: Área desmatada no Amazonas Reprodução/Alberto César Araújo/Amazônia Real