O depoimento de Cid foi ouvido por cerca de 30 minutos por um juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes.
Cid depôs acerca do vazamento de áudios, divulgados pela revista Veja nesta quinta-feira (21), onde o militar acusa a Polícia Federal (PF) e o STF de má-conduta na delação premiada e afirma que foi pressionado pela Polícia Federal durante depoimentos.
O ministro Alexandre de Moraes decretou a ordem de prisão preventiva de Cid, e expediu mandados de busca e apreensão na residência do militar. O supremo deteve Cid por descumprimento de medidas judiciais e obstrução de justiça. Não houve detalhamento de quais medidas foram descumpridas.
O tenente-coronel Mauro Cid durante depoimento (Foto: reprodução/Getty Images embed/Evaristo Sa)
Vazamento de áudios compromete delação
Nas gravações divulgadas pela revista Veja, Mauro Cid alega que os investigadores e o ministro Alexandre de Moraes conduziram a delação premiada de forma irregular.
A delação premiada foi firmada por Cid em inquéritos sobre o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Citando "narrativa pronta", o militar acusou Moraes, responsável pela homologação da delação, e agentes da PF de não terem interesse na verdade.
As declarações de Cid nos áudios podem comprometer os rumos da delação e acarretar a rescisão do acordo pela Justiça.
Cezar Bittencourt, advogado do militar, alegou que Cid vive uma fase de angústia "pessoal, familiar e profissional" e que as falas ditas nas gravações não passam de um "desabafo". Bittencourt afirmou que "em nenhum momento o militar questiona a integridade da PF, do STF e da Procuradoria Geral da República na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador".
Prisão anterior
Mauro Cid foi preso pela primeira vez em maio de 2023, durante investigação sobre falsificação dos cartões de vacinação de Jair Bolsonaro, parentes e associados.
O militar firmou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal seis meses após a prisão, em setembro. O acordo foi homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, e logo depois, Cid foi solto.
Os depoimentos de Cid ajudaram a PF em uma série de investigações contra Bolsonaro, incluindo uma sobre o planejamento de uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022.
Cid, Bolsonaro e outras 15 pessoas foram indiciados na semana passada pela falsificação de cartões de vacina. A Polícia Federal atribuiu ao militar os crimes de falsidade ideológica de documento público, tentativa de inserção de dados falsos em sistema de informações, associação criminosa e uso de documentação falsa.
Foto Destaque: Cid Moura, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (Reprodução/Wilton Junior/Estadão Conteúdo)