Nesta segunda-feira (29), a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, fez uma declaração alegando que Edmundo González, opositor de Maduro, havia vencido as eleições no país. Segundo María Corina, com mais de 73% dos votos apurados, González já havia recebido 6,27 milhões de votos, enquanto Maduro tinha 2,75 milhões. Para os oposicionistas, não seria mais possível uma reversão por parte de Nicolás Maduro. Porém, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Maduro vencedor. A oposição contesta o resultado e eleitores anti-governo protestam nas ruas da Venezuela.
Resultados e contestações
María Corina Machado anunciou que, com base nas atas de votação em posse da oposição, Edmundo González é o presidente eleito de fato na Venezuela. "Temos 73,20% das atas e, com este resultado, o nosso presidente eleito é Edmundo González Urrutia", disse María Corina à agência Associated Press. Segundo a oposição, mesmo que Maduro obtenha 100% dos votos restantes, isso não alteraria o resultado. Enquanto isso, o candidato da oposição, Edmundo González, pediu calma e firmeza na contestação dos resultados e criticou o Conselho Eleitoral da Venezuela por "anunciar prematuramente os resultados sem auditoria adequada". A oposição planeja realizar uma manifestação nesta terça-feira (30) em apoio a González, em frente ao prédio da ONU na Venezuela.
Pessoas protestam contra a reeleição do presidente venezuelano Nicolas Maduro (Foto: reprodução/Pedro Rances Mattey/Anadolu/Getty Images Embed)
Protestos e repercussão
Em meio a uma crise financeira e humanitária, a Venezuela mergulha agora no caos político. A vitória de Nicolás Maduro foi declarada pelo órgão eleitoral do país, indicando 51,2% dos votos para o atual presidente, contra 44% de Edmundo González. Após a confirmação da reeleição do atual presidente, a capital Caracas foi palco de diversos protestos. Por enquanto, não há informações sobre a existência de uma liderança ou se as pessoas que foram às ruas protestar foram convocadas por algum movimento. Nas ruas, cartazes foram queimados e, mesmo sob chuva, panelaços acompanhados de palavras de ordem foram ouvidos pela capital. No litoral venezuelano, manifestantes derrubaram uma estátua de Hugo Chávez, presidente que antecedeu Maduro.
Manifestantes contra Maduro derrubam estátua de Chávez (Vídeo: reprodução/Youtube/CNN Brasil)
Diversos países contestaram o resultado das eleições e, como resposta, o governo da Venezuela ordenou que o corpo diplomático de sete países latino-americanos se retirasse do país, entre eles a Argentina. O Brasil ainda não se posicionou oficialmente, porém o Partido dos Trabalhadores (PT) emitiu nota nesta segunda-feira (29) saudando o povo venezuelano pelo processo eleitoral do último domingo (28) e reconhecendo Maduro como legítimo vencedor do pleito.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro durante sua proclamação na sede da CNE (Foto: reprodução/ Federico Parra/AFP/ Getty Images Embed)
Resposta do Governo
O chefe do Ministério Público, Tarek William Saab, pôs em cheque a conduta de María Corina, impedida de concorrer à presidência, por suposta fraude e adulteração de atas eleitorais. Tarek vinculou María Corina a um suposto ataque hacker originado na Macedônia do Norte, destinado a comprometer o sistema eleitoral.
Em seu discurso da vitória em frente ao palácio Miraflores, Nicolás Maduro disse que "o fascismo na Venezuela, na terra de Bolívar e Chávez, não passará", chegando a citar o presidente argentino Javier Milei, chamando-o de "sociopata sádico". Ainda em seu discurso, Maduro afirmou: "Que ninguém vá tentar bagunçar o país." Na noite de segunda-feira (29), segundo reportagem de Deisy Buitrago da Agência Reuters, o presidente venezuelano declarou que "sabe como enfrentar essa situação e derrotar aqueles que são violentos". A comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos.
O presidente Nicolás Maduro, de 61 anos de idade, pertence ao Partido Socialista Unido da Venezuela e está no poder desde 2013 após a morte de Hugo Chaves. Caso seja confirmada a vitória nas urnas, o “chavista” permanecerá no poder até 2030, quando ocorrerão novas eleições no país.
Foto destaque: Líder da oposição Maria Corina Machado e o candidato da oposição Edmundo (Reprodução/Marcelo Perez del Carpio/Getty Images Embed)