Na última quarta-feira (19), o Instituto Trata Brasil divulgou o relatório “Saneamento é Saúde”, que trouxe dados relacionados às condições de saneamento básico no país. As informações divulgadas foram alarmantes: em 2024, 344 mil internações foram provocadas por doenças relacionadas a baixas condições de higiene. Ainda de acordo com o estudo, cerca de 11 mil mortes foram ocasionadas nos últimos dois anos, também pela falta de acesso aos serviços de saneamento.
As principais doenças registradas foram dengue, zika, malária, hepatite A e leptospirose, enfermidades que apresentam como cenário ideal para sua proliferação ambientes insalubres. Questões como falta de coleta de esgoto e de resíduos, tratamento inadequado da água e destinação final do lixo adequada constituem os principais desafios do saneamento básico brasileiro.
Ainda de acordo com a pesquisa, o local mais afetado pelas doenças geradas a partir da ausência de condições adequadas é o Maranhão, com média de 46 casos de internação para dez mil habitantes. Já em segunda colocação está o Distrito Federal.
A ausência de saneamento básico representa um desafio para o combate de doenças como a dengue e a leptospirose (Vídeo: Reprodução/YouTube/CNN Brasil)
Cenários revelados pelo estudo
A partir das informações reveladas pelo relatório, é possível traçar um perfil de quem são os brasileiros mais afetados pela ausência do saneamento básico adequado. O Instituto revelou que, ao se tratar da faixa etária, crianças e idosos estão mais sujeitos às enfermidades. No caso da população mais jovem, a incidência dessas doenças pode, inclusive, afetar no seu desenvolvimento, tanto físico quanto intelectual.
A questão racial também foi apontada pelo estudo. Cerca de 65% dos casos registrados foram de pessoas pretas ou pardas. Já em relação ao sexo, o percentual de mulheres afetadas foi de 53%, o que representa cerca de 20,7 mil casos a mais quando comparado ao número de internações da população masculina.
Consequências
A presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, comentou sobre os desdobramentos da realidade enfrentada pelo Brasil na área do saneamento e quais seriam as consequências da implementação de um sistema adequado. “Nós investimos R$ 111 por ano por habitante em saneamento básico e deveríamos estar investindo R$ 231 por ano por habitante. E por que é um investimento? Porque é um investimento que vai reduzir custo com saúde”, afirma a presidente. Ainda segundo o estudo, a redução de internações apontada por Pretto seria de 86 mil casos, o que representa cerca de 50 milhões em economia para os cofres públicos.
Foto Destaque: a falta de coleta de lixo e tratamento de água são obstáculos para um saneamento básico universal no Brasil (Reprodução/Instagram/@uolnoticias)