A mãe do menino que teve o rosto tatuado no corpo de uma pessoa desconhecida sem autorização, Ayo, de 4 anos, entrou com uma ação na Justiça contra o tatuador responsável pelo procedimento, Neto Coutinho e contra a organização do evento Tattoo Week. O objetivo de Preta Lagbara é descobrir a identidade da pessoa tatuada. O trabalho, garantiu ao tatuador o segundo lugar na categoria Portrait na competição do evento, que aconteceu em São Paulo, em outubro deste ano.
“Achei que conseguiria contato com o tatuado. Queria muito explicar para ele o quanto a remoção dessa tatuagem é importante para mim. Acredito que para ele não seria um problema remover. Tentei de todas as formas, tanto com a Tattoo Week, quanto com o Neto (Coutinho)”, disse Preta.
A empresária ainda questionou o fato de ser impedida de ter o contato com o homem que tem o rosto de seu filho tatuado, “Não faz sentido nenhum um homem estar com o rosto do meu filho no corpo. Como posso ser impedida de ter qualquer tipo de contato com esse homem, de olhar nos olhos dele e pedir, implorar, para que ele renova a tatuagem, cubra, faça outra arte por cima? Alguém precisa me dar uma resposta. Sou a mãe do Ayo.”
Para Djeff Amadeus, advogado que representa Preta Lagbara, a ação tem relação com uma determinação da Anvisa, que exige que pessoas tatuadas em eventos desse tipo sejam identificadas através de uma ficha cadastral. “A Tattoo Week e o tatuador Neto Coutinho sabem quem é o tatuado, têm todas as informações sobre ele, mas não querem ajudar uma mãe que gostaria de fazer um pedido a ele para que cobrisse a imagem do filho dela”, declarou o advogado.
Registro de ocorrência de Preta Lagbara, após receber comentários racistas em suas redes. (Foto/Reprodução G1)
Além disso, após sofrer ofensas racistas ao expor o caso do filho na internet, Preta Lagbara, registrou queixa na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), “As pessoas podem até não concordar com a minha posição, mas elas não podem ser cruéis, ofensivas. Então que paguem e seja responsabilizada por seus atos. É preciso mostrar que internet não é terra de ninguém. Que não pode pegar foto do filho dos outros no Pinterest e tatuar, que não pode ofender as pessoas, nem a religião de ninguém”, disse.
Caso Ayo
Durante a convenção de tatuagem Tattoo Week, realizada em São Paulo, em outubro deste ano, o tatuador, ganhador de dois prêmios, foi denunciado por usar a foto de um menino negro sem autorização do fotógrafo responsável pela imagem e dos pais da criança.
Através de suas redes sociais, a mãe do menino, soube, por meio de um internauta sobre a tatuagem do rosto do filho no corpo de uma pessoa desconhecida.
Foto Destaque Foto de Ayo usada como referência e tatuagem com o rosto do menino. Reprodução/Ronald Santos Cruz (à esquerda) e reprodução de Instagram (à direita)