O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira (27) acreditar que as forças armadas não aceitarão um possível golpe no país e que as declarações feitas pelo então presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) contra o sistema eleitoral brasileiro não contam com o apoio dos militares ativos e nem do Alto Comando do Exército.
"Como é que a gente pode pensar em golpe ? Eu não acredito em golpe, não acredito que Forças Armadas aceitem isso, que a sociedade brasileira permita isso. Esse cidadão [Bolsonaro], se ele começar a brincar com a democracia, ele vai pagar muito caro", afirmou Lula em entrevista para o portal UOL.
Lula nos desfiles de 7 de setembro. (Foto/Reprodução/BBC)
O ex-presidente lembrou dos tempos em que conviveu diretamente com os militares no período em que governou o país e disse não ter "queixa do comportamento das Forças Armadas, nem da Marinha, nem do Exército, nem da Aeronáutica". "Eu mantive oito anos de convivência da forma mais digna possível, eles nunca me criaram um único problema, eles me ajudaram naquilo que era possível ajudar", disse o ex-presidente. Segundo ele, os militares "são mais responsáveis" do que o presidente.
Bolsonaro já é oficialmete candidato pelo PL, e durante seu discurso de lançamento ele citou o STF e o exército. “Nós somos a maioria, nós somos do bem, nós temos disposição para lutar pela nossa liberdade, pela nossa pátria. Convoco todos vocês agora para que todo mundo, no 7 de setembro, vá às ruas pela última vez… Estes poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que quem faz as leis é o poder Executivo e o poder Legislativo. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas da Constituição. Interessa para todos nós. Não queremos o Brasil dominado por outra potência. O que nós queremos é paz e tranquilidade, respeito à Constituição, respeito às leis, interdependência entre os poderes, harmonia. Isso não é fácil, mas quem tem que dar o Norte para nós é o povo brasileiro. Tenho certeza que aquilo que vocês querem será atingido”, disse Bolsonaro.
No dia 31 de junho, o Exército voltou a comemorar o Golpe realizado em 1964 no país. Essa comemoração tinha sido proibida pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2011. Bolsonaro, na época, tinha agendado o aniversário com o Alto escalão militar.
Foto Destaque : Lula e o comandante do Exército, em 2004. Reprodução/BrasilDeFato.