Hoje, quinta-feira (22), durante sua visita à Itália e à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou sua insatisfação em relação à proposta da União Europeia (UE) no acordo de livre comércio com o Mercosul. A proposta em questão estabelece sanções para aqueles que não cumprirem os termos do 'Acordo de Paris', tratado internacional sobre mudanças climáticas adotado em 2015.
O 'Acordo de Paris', trata- se de um conjunto de ações para reduzir os gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono. A meta do acordo é manter a temperatura do planeta abaixo dos 2 ºC.
Antes de partir para Paris, Lula falou com a imprensa em Roma e destacou que essa proposta não está alinhada com os interesses de países da América Latina, como o Brasil, que desejam recuperar sua capacidade de industrialização. Lula ressaltou a diminuição do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do Brasil, que já foi de 30% e agora é apenas 10%.
É sempre uma alegria visitar a Itália, país que temos uma relação de irmandade. Tive ótimos encontros com o presidente Sergio Mattarella, com a primeira-ministra Giorgia Meloni e com o Santo Papa. Agora, sigo para a França, encontrar chefes de Estado e conversarmos sobre o… pic.twitter.com/T8F1otnGpG
— Lula (@LulaOficial) June 22, 2023
Foto: Reprodução/Twitter/Lula
O presidente enfatizou que a carta adicional enviada pela União Europeia ao Mercosul é inaceitável, considerando que os países ricos não cumpriram o 'Acordo de Paris', o 'Protocolo de Kyoto' e as decisões de Copenhague. Nesse contexto, Lula defendeu uma postura mais sensível e humilde por parte dos países europeus. Ele informou que estão preparando uma resposta para a União Europeia, visando um acordo que beneficie ambos os continentes.
Em Paris, Lula terá uma reunião com o presidente francês, Emmanuel Macron, para discutir a resolução aprovada pela Assembleia Nacional da França na semana passada, a qual se posiciona contra a ratificação do acordo Mercosul-UE. O presidente brasileiro considerou a medida francesa como sendo rigorosa.
Lula destacou que a França defende fortemente seus interesses agrícolas, mas ressaltou que todos têm o direito de proteger suas agriculturas. Ele argumentou que é necessário abrir mão do perfeccionismo e do protecionismo, buscando um acordo que melhore a situação tanto da União Europeia quanto da América do Sul. Lula também defendeu alterações em pontos do acordo de livre comércio relacionados às compras governamentais.
O acordo Mercosul-UE, aprovado em 2019 após duas décadas de negociações, ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos dois blocos para entrar em vigor. Devido à abrangência de 31 países envolvidos na negociação, é provável que o processo de ratificação leve anos e enfrente resistências.
Foto destaque: Luis Inácio Lula da Silva. Reprodução/Carta Capital/ Ricardo Stuckert/PR