O Reino Unido vive novamente a incerteza de quem assumirá o governo. A primeira-ministra Liz Truss, líder do partido conservador, anunciou sua renúncia nesta quinta-feira (20) após 45 dias como premiê. Liz havia assumido o cargo dois dias antes da morte da Rainha Elizabeth II e o cenário econômico britânico não era nada favorável.
A primeira-ministra sabia o que iria enfrentar e apresentou um plano para a economia que causou polêmica no mercado e até mesmo dentro de seu próprio partido, criando uma pressão desde o início sobre a viabilidade de seu projeto econômico no governo.
Com o objetivo de oferecer estímulos à economia, o plano de Truss tinha em seu escopo uma drástica redução de impostos, aumento de oferta de crédito, além de um empréstimo em torno de 45 bilhões de libras, para tentar cobrir o déficit das contas públicas do Reino Unido.
Atualmente, os britânicos enfrentam a maior inflação em 40 anos, de 10%, o que derrubou a libra em comparação ao dólar, atingindo o menor valor histórico. “Nós lançamos uma visão para impostos baixos e alto crescimento que nos permitiria desfrutar da liberdade do Brexit (a saída do Reino Unido da União Europeia). Eu reconheço que não consigo entregar o mandato para o qual eu fui eleita”, afirmou a primeira-ministra.
Liz também ressaltou que influências externas também afetaram seu mandato, tais como a instabilidade econômica mundial, a invasão da russa na Ucrânia e o baixo crescimento econômico britânico ao longo dos anos.
Câmara dos Comuns no Parlamento Britânico. (Foto: Reprodução/TV Reuters/Reuters)
A rejeição da primeira ministra por seu próprio partido foi aumentando ao longo da semana e, de acordo com a imprensa britânica, mais da metade do Partido Conservador defendia a saída de Truss, por considerarem seu plano de governo inadequado. O primeiro baque sofrido pela premiê foi a renúncia de seu ministro das finanças, Kwasi Kwarteng, que havia apresentado o plano econômico amplamente rejeitado e, em seguida, a ministra do interior, Suella Braverman.
O novo ministro a assumir a pasta das finanças, Jeremy Hunt, afirmou no Parlamento que alteraria completamente o plano de Truss e a primeira-ministra, que estava sentada atrás de Hunt, não se manifestou. Essa sucessão de acontecimentos culminou na perda da credibilidade da premiê e na pressão por sua saída.
Ainda nesta quinta-feira (20), o porta-voz da primeira-ministra havia informado que ela cumpriria seu mandato. No entanto, logo em seguida, Liz comunicou ao Rei Charles III a sua renúncia e posteriormente contatou o presidente do comitê do Partido Conservador, Graham Brady, para lhe informar que deixaria o cargo e solicitar a convocação de novas eleições internas no partido.
O Reino Unido é uma monarquia parlamentarista e as eleições gerais britânicas têm os partidos como adversários. O partido vencedor define quem será o primeiro-ministro do país. A escolha do substituto para o cargo de Truss deve ocorrer até o dia 28 de outubro, de acordo com o comitê responsável pelas eleições internas do Partido Conservador.
Foto destaque: Liz Truss comunica oficialmente sua renúncia na porta da sede do governo do Reino Unido, em Downing Street. Reprodução/Daniel Leal/AFP