A justiça americana condenou um ex-policial de Minneapolis por auxiliar no homicídio culposo de George Floyd, um homem negro.
Tou Thao, conteve as pessoas enquanto outros policiais seguravam George e o impediam de respirar, como mostram as imagens fortíssimas divulgadas ao mundo todo. Ele já tinha sido condenado no tribunal federal por violação dos direitos de Floyd e foi o último dos quatro envolvidos a ser julgado em um tribunal estadual pelo assassinato. Tou respeitou o acordo de confissão proposto e, ao invés de ser julgado, deixou a decisão para o juiz do condado de Hennepin, Peter Cahill, baseada nos registros escritos de ambas as partes e também nas evidências que foram usadas em casos anteriores. A decisão do juiz teve 177 páginas, foi apresentada na noite de ontem (01) e divulgada nesta terça-feira (02).
O juiz escreveu: "Há provas além de qualquer dúvida razoável de que as ações de Thao foram objetivamente irracionais do ponto de vista de um policial razoável, quando vistas sob a totalidade das circunstâncias". Em janeiro deste ano, a promotoria alegou que Thao "agiu sem coragem e não demonstrou compaixão", apesar de ter alguns anos dentro da polícia e que não fez uso do treinamento que recebeu, mesmo presenciando e vendo a morte de Floyd.
George Floyd era um homem negro, de 46 anos, considerado pelos amigos sendo a favor da paz, morreu em 25 de maio e 2020, após o policial Derek Chauvin, prender seu pescoço no chão usando o joelho por 9 minutos e meio. Um vídeo gravado por uma jovem de 17 anos, mostra os gritos de Floyd dizendo "não consigo respirar" e chocou o mundo, gerando protestos em diversos países. O oficial Chauvin foi condenado por assassinato e homicídio culposo em abril de 2021 e mais tarde se declarou culpado no caso federal. Outros dois policiais, J. Alexander Kueng e Thomas Lane, também se declararam culpados nas acusações de auxílio e cumplicidade em homicídio culposo e acabaram condenados juntamente com Thao em seu caso oficial.
Ex-policiais Chauvin, Thao, Lane e Kueng foram condenados pela morte de George Floyd em 2020. (Foto: Reprodução/Minnesota Department of Corrections and Hennepin County Sheriff's Office)
Thao afirmou que não fez nada de errado, ao contrário do que fizeram os outros três oficiais. Ao rejeitar o acordo judicial no tribunal estadual, em agosto de 2022, Thao alegou que caso se declarasse culpado, estaria mentindo. Porém, um dos promotores, Matthew Frank, escreveu que o policial estava ciente do que seus colegas estavam fazendo, que era algo "extremamente perigoso", já que impedia Floyd de respirar. A defesa de Thao alegou que o policial acreditava que Floyd passava por um delírio quando gritava e que ele não sabia que George não estava respirando.
A acusação e a defesa de Thao acordaram que, caso o juiz o condenasse por ser cúmplice em homicídio culposo em segundo grau, o estado acabaria por retirar uma acusação de cumplicidade em assassinato, com pena presumida de 12 anos e 6 meses. O ex-policial foi condenado especificamente por ter privado Floyd do direito de assistência médica e por não impedir Chauvin de continuar sufocando-o.
Thao disse que estava claro que Floyd estava sob a influência de algum tipo de droga e reconheceu que ouvia o homem gritar "não consigo respirar", mas que mesmo assim não sabia que havia algo de errado com ele, apesar de uma ambulância o ter levado para o hospital. As alegações de inocência de Thao não foram aceitas pelo juiz.
Foto destaque: Ex-policial Tou Thao condenado por colaborar com o assassinato de George Floyd. Reprodução/Hennepin County Sheriff's