O Knesset, parlamento de Israel, aprovou uma lei controversa que permite ao governo de Benjamin Netanyahu fechar emissoras estrangeiras consideradas ameaças à segurança nacional, incluindo a conhecida rede de TV Al Jazeera. A medida, que passou com 71 votos a favor e apenas 10 contra, tem gerado debates acalorados sobre liberdade de imprensa e segurança nacional.
A reação internacional não tardou. Os Estados Unidos, aliado chave de Israel, expressaram preocupação com a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, enfatizando a importância fundamental da liberdade de imprensa.
Protestos tomam as ruas de Tel Aviv, em Israel, contra o governo de Benjamin Netanyahu (Foto: reprodução/Alexi Rosenfeld/GettyImages Embed)
Acusações
A Al Jazeera acusou o primeiro-ministro israelense de conduzir uma campanha difamatória contra a emissora, negando qualquer envolvimento nos ataques de 7 de outubro e acusando Netanyahu de espalhar mentiras.
A aprovação da lei surge em um contexto de tensões crescentes. Israel acusou a Al Jazeera de incitar agitação e a emissora, financiada pelo regime de Doha, mas que afirma manter independência editorial, já havia acusado Israel de atacar seus escritórios e jornalistas em Gaza. A lei permite o fechamento temporário de emissoras por um período inicial de 45 dias, renovável por mais tempo.
Impacto na liberdade de imprensa
A medida levanta questões significativas sobre o equilíbrio entre segurança nacional e liberdade de imprensa. Enquanto Israel defende a ação como necessária para sua segurança, críticos argumentam que tal movimento pode estabelecer um precedente perigoso para o silenciamento de vozes dissidentes.
Com a lei agora em vigor, o futuro da Al Jazeera em Israel permanece incerto. A emissora prometeu lutar contra a decisão.
Mediação do conflito em Doha
Desde o início do conflito em Gaza em outubro, Doha tem sido o palco de intensas negociações para estabelecer um cessar-fogo. O território, sob controle do Hamas, vivenciou uma série de eventos violentos, incluindo assassinatos e sequestros. Em novembro, houve um momento de alívio quando Israel conseguiu resgatar reféns durante uma pausa nas hostilidades, graças aos esforços de mediação.
Contudo, as tentativas de solidificar uma segunda trégua têm enfrentado obstáculos. O primeiro-ministro israelense fez um apelo em janeiro para que Doha exercesse maior pressão sobre o Hamas, exigindo a adesão às condições impostas por Israel. O Catar, que hospeda o gabinete político do Hamas, tem sido um ponto focal nas discussões.
A tensão entre Israel e a emissora Al Jazeera também veio à tona, com acusações de incitação e propaganda. Embora um porta-voz israelense não tenha confirmado se as ameaças à emissora fazem parte da estratégia de pressão, o ministro das Comunicações de Israel condenou a Al Jazeera por supostamente favorecer o Hamas e colocar em risco as forças armadas israelenses.
Foto destaque: Primeiro ministro de Israel Benjamin Netanyahu (Reprodução/Leo Correa/GettyImages Embed)