O Iraque apresentou nesta segunda-feira (28) um protesto formal à ONU contra Israel, acusando-o de ter utilizado seu espaço aéreo para realizar um ataque contra o Irã no último sábado (26). Em comunicado, o porta-voz do governo, Bassim Alawadi, classificou a ação como uma "flagrante violação" da soberania iraquiana.
Na carta enviada ao secretário-geral da ONU e ao Conselho de Segurança, o Iraque declarou que planeja contatar os Estados Unidos, aliado de Israel, "para tratar dessa violação". O exército israelense realizou bombardeios contra instalações militares no Irã no sábado, em retaliação aos ataques com mísseis realizados por Teerã em 1º de outubro contra seu território.
Imagem da Bandeira de Israel (Foto: reprodução/Paul Sounders/GettyImages Embed)
Resposta iraniana
Na segunda-feira, o Irã prometeu uma "resposta firme" a Israel. "Estamos usando todos os meios ao nosso alcance para responder de maneira firme e eficaz à agressão do regime sionista", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baghai.
Baghai também expressou a expectativa de que "os amigos iraquianos adotem as sanções necessárias" e impeçam a repetição de tais incidentes. Ele declarou estar confiante de que "nenhum país vizinho permitiu que o regime sionista" utilizasse seu espaço aéreo.
As forças armadas iranianas também acusaram Israel de usar o espaço aéreo iraquiano, normalmente acessado pelos militares dos EUA, para o lançamento de mísseis aerotransportados de longo alcance com ogivas leves.
O Iraque, por sua vez, busca evitar envolver-se em um novo conflito. Embora o governo iraquiano mantenha proximidade com o Irã, também possui uma parceria estratégica com Washington, que mantém tropas no país como parte de uma coalizão internacional contra o terrorismo jihadista.
Além disso, o Iraque abriga facções armadas pró-Irã, responsáveis por dezenas de ataques com foguetes e drones contra tropas americanas no Iraque e na Síria. Esses grupos, agora atacando Israel, estão contribuindo para o aumento da tensão regional.
No domingo, uma facção conhecida como Brigadas do Hezbollah condenou o uso do espaço aéreo iraquiano durante o ataque israelense ao Irã. A facção acusou os americanos de cumplicidade, dizendo que "controlam os céus iraquianos" e advertiu que tanto Israel quanto os EUA "pagarão o preço" "no momento e lugar adequados".
Reunião na ONU
A comunidade internacional intensifica os esforços para encontrar uma solução para o conflito, que já se arrasta há mais de um ano no Oriente Médio. O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir com urgência nesta segunda-feira, após um pedido do Irã para discutir a situação.
Na noite de domingo, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, sugeriu uma trégua de dois dias em Gaza para possibilitar a libertação de reféns israelenses mantidos no enclave. A proposta incluiria a troca de quatro reféns israelenses por prisioneiros palestinos.
A trégua foi proposta pelo general Hassan Rashad, recém-nomeado chefe do Serviço Geral de Inteligência do Egito e responsável pelo dossiê de Gaza, segundo o correspondente da RFI no Cairo, Alexandre Buccianti. Rashad, nomeado há cerca de dez dias, já se reuniu com o diretor do Shin Bet, serviço de inteligência de Israel, e estabeleceu contatos com outros representantes de inteligência regionais e internacionais.
O conflito em Gaza está impactando a economia egípcia. As receitas do Canal de Suez caíram 60% devido aos ataques de forças houthis iemenitas contra navios no Mar Vermelho em apoio a Gaza, e o setor de turismo também sofreu prejuízos.
Diante desse cenário, o presidente egípcio afirmou que o Egito poderá enfrentar dificuldades para cumprir todos os compromissos de reforma econômica assumidos com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Nos últimos meses, os preços de energia e alimentos aumentaram quase 50%.
Foto destaque: Irã e Israel (Reprodução/Metrópoles)