Nesta segunda-feira (13), as influenciadoras digitais Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, mãe e filha, foram indiciadas por racismo pela Delegacia de Crimes e de Delitos de Intolerância (Decradi). De acordo com Fayda Belo, advogada especialista em direito antidiscriminatório e que denunciou o vídeo, a ação de a dupla ter dado um macaco de pelúcia para uma criança negra qualifica o ato como “racismo recreativo”.
Vale ressaltar que ambas já possuem um histórico polêmico, já que, atualmente, elas estão sendo investigadas pela Decradi em outros três casos.
Sobre o vídeo
No vídeo em questão, publicado no canal da mãe e da filha, Kérollen aborda um menino negro na rua e realiza a trend (viral nos últimos tempos) de perguntar se ele gostaria de um presente misterioso ou R$5. Ao optar pelo presente, a criança abriu a caixa e, quando viu que era um macaco de pelúcia, ficou extremamente feliz e começou a abraçá-lo.
Além desta produção, outra situação semelhante ocorreu: ainda nesta trend, as influenciadoras ofereceram para outra criança negra R$10 ou um presente misterioso. A criança quis o presente e ficou surpreso quando recebeu apenas uma banana. No entanto, apesar de polêmico, este vídeo não foi denunciado pela Decradi, apenas o que envolvia um macaco de pelúcia.
Em um vídeo viralizado nas redes sociais, as tiktokers Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves aparecem dando uma banana e um macaco de pelúcia para crianças pretas. A dupla será investigada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e o vídeo foi excluído. Veja pic.twitter.com/tzGO9FiBmE
— ISTV (@ISTVdigital) June 1, 2023
Vídeo das influenciadoras dando banana e macaco de pelúcia (Reprodução/X/@ISTVdigital)
Visão da advogada e da Decradi
Ao denunciar o vídeo, a advogada Fayda Belo interpretou a ação como uma prática de “racismo recreativo”, ou seja, “discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão”.
Responsável pelo caso, a delegada da Decradi, Rita Salim, corrobora com a visão de Fayda e acusa mãe e filha de racismo: "A conduta delas é considerada como racismo, por conta da cor da pele das crianças. Mas, dentro do contexto, elas realizaram uma conduta que chamamos de racismo recreativo. Não é admitido você discriminar, constranger e/ou usar de meios vexatórios para expor uma pessoa por meio de diversão. Isso é crime. Além disso, expor ao racismo é um agravante".
Com 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões no Tik Tok, as influenciadoras ficaram famosas por vídeos de pegadinhas, testes de maquiagem e assistencialismo.
Foto destaque: Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves nas cenas em que dão uma banana e um macaco de pelúcia para crianças negras (Reprodução/G1)