De acordo com os serviços de inteligência dos Estados Unidos e do Reino Unido, cerca de 15 mil soldados russos já morreram durante a guerra. Prestes a completar, inesperadamente, cinco meses de invasão da Ucrânia, estes mesmos serviços de inteligência acreditam que o presidente Vladimir Putin está sofrendo perdas irreparáveis e muito maiores do que o esperado.
EUA: "É quase o mesmo número que perderam em 10 anos no Afeganistão na década de 1980", disse diretor da CIA. (Foto: Reprodução/VEJA)
Nesta quinta-feira (21), Richard Moore, chefe do MI6 britânico, explicou que esses 15 mil mortos são "provavelmente uma estimativa conservadora" e representam uma "derrota" para Putin, que esperava uma rápida vitória.
"E não se trata de jovens de classe média de São Petersburgo ou Moscou", comentou Richard Moore.
“São garotos pobres das zonas rurais da Rússia. São de vilarejos operários da Sibéria. São desproporcionalmente de minorias étnicas. Eles são sua bucha de canhão".
Segundo o Fórum de Segurança de Aspen, no Colorado, Estados Unidos, o número de mortos é quase o mesmo que perderam em 1980, no Afeganistão.
"É quase o mesmo número que perderam em 10 anos no Afeganistão na década de 1980”.
Diretor da CIA diz que cerca de 15 mil russos morreram em guerra na Ucrânia e estima que mais ou menos 45 mil pessoas tenham ficado feridas
Bill Burns, diretor da CIA (Central Intelligence Agency), que em português quer dizer Agência Central de Inteligência, disse na mesma conferência que a inteligência dos Estados Unidos estima as perdas russas "em cerca de 15 mil mortos e talvez três vezes mais feridos".
Para ele, os ucranianos tiveram menos perdas, mas também foram significativas.
"É um conjunto bastante significativo de perdas. Os ucranianos também sofreram baixas significativas, provavelmente um pouco menos do que isso", disse Burns.
Segundo porta-vozes do governo ucraniano, em Kiev, a capital do país, as perdas da Rússia são muito maiores que as estimadas, cerca de 36.200 soldados russos mortos.
A Rússia evita comentar sobre perdas e só forneceu um número oficial de vítimas duas vezes, a última em 25 de março com um número de 1.351 mortos, embora os especialistas considerem muito baixo para a quantidade de dias em que a guerra vem se arrastando.
Rússia anuncia mudança de metas
Em comunicado oficial, realizado na última quarta-feira (20), a Rússia declarou que seus atuais alvos militares na Ucrânia vão além da região do Donbass, no leste do país, e que descarta manifestações de paz com o governo ucraniano.
Serguei Lavrov, ministro russo das Relações Exteriores, disse em entrevista que seus alvos militares da Rússia na Ucrânia já não se limitam "unicamente" ao leste do país, uma região parcialmente controlada por separatistas pró-russos desde 2014.
"Não se trata somente de Donetsk e Luhansk, mas também da região de Kherson, a região de Zaporizhia e outros territórios", garantiu o chanceler russo a meios estatais.
Seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, respondeu que "a confissão do ministro de Relações Exteriores russo de seu sonho de apoderar-se de mais terras ucranianas demonstra que a Rússia rejeita a diplomacia e se concentra na guerra e no terror".
Relembre a invasão da Ucrânia pela Rússia
No dia 24 de fevereiro deste ano, a Rússia resolveu invadir a Ucrânia em três frentes no maior ataque a um estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial, o que obrigou dezenas de milhares de pessoas a deixarem imediatamente o país.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse que estava lançando uma "operação militar especial" para desmilitarizar e "desnazificar" a Ucrânia.
Consequências
A operação russa, como é chamada a guerra por Vladimir Putin, já obrigou mais de 5 milhões de ucranianos a saírem de seu país, além de deixar milhares de mortos.
07 de março - Homem segura crianças durante fuga da cidade de Irpin, a oeste de Kiev, na Ucrânia. (Foto: Aris Messinis/AFP)
Não há fim à vista para os combates.
Foto destaque: Soldados em campo de batalha. Reprodução/Correio Braziliense