A ativista ambiental Greta Thunberg e dezenas de outros manifestantes bloquearam as entradas do Ministério da Energia da Noruega nesta segunda-feira (27). O protesto foi contra a construção de turbinas eólicas em terras tradicionalmente usadas por indígenas Sami para criação de renas.
Os criadores de renas dizem que a visão e o som da máquina de energia eólica assustam seus animais e afetam as antigas tradições.
Foto: Greta Thunberg durante manifestação em Oslo, Noruega. Reprodução/REUTERS
Thunberg é defensora do fim da dependência mundial de energia baseada em carbono. Para a ativista, a transição para a energia verde não pode ocorrer às custas dos direitos indígenas.
“Direitos indígenas e direitos humanos precisam andar de mãos dadas com proteção e ação climática. Isso não pode acontecer às custas de algumas pessoas. Então não é justiça climática”, afirmou Greta Thunberg enquanto estava sentada do lado de fora da principal entrada do ministério com outros manifestantes.
A suprema corte da Noruega decidiu em 2021 que dois parques eólicos construídos no centro da Noruega violavam os direitos Sami sob as convenções internacionais, mas as turbinas permanecem em operação mais de 16 meses depois.
“Estamos aqui para exigir que as turbinas sejam demolidas e que os direitos legais sejam respeitados”, disse a artista Sami Ella Marie Haetta Isaksen.
O ministério disse que o destino final do parque eólico é um dilema legal complexo apesar da decisão do supremo tribunal.
O veredicto do tribunal não menciona o que deveria acontecer às 151 turbinas, que conseguem fornecer energia a 100.000 casas, ou o que deverá acontecer às dezenas de milhares de quilómetros de estradas que foram construídas de apoio ao parque eólico.
“Compreendemos que este caso seja um fardo para os pastores de renas”, disse o ministro da Energia e do Petróleo do país, Terje Aasland, num comunicado à Reuters. “O ministério vai fazer o que puder para contribuir para a resolução deste caso e para que não se prolongue mais do que o necessário”, acrescentou.
Os donos dos parques Roan Vind e Fosen Vind incluem a empresa alemã Stadtwerke Muenchen, as empresas norueguesas Statkraft e TroenderEnergi, assim como as companhias suíças Energy Infrastructure Partners e BKW.
“Confiamos que o ministério irá encontrar boas soluções, permitindo-nos continuar a produção de energia renovável e ao mesmo tempo mantendo os direitos dos donos dos veados”, disse Roan Vind num comunicado.
A Stadtwerke Muenchen não quis prestar declarações. A Statkraft e a Energy Infrastructure Partners não estavam, de momento, disponíveis para comentar.
Foto destaque: Manifestação desta segunda-feira. Reprodução/Getty Images