O governo federal investiga pedidos de Auxílio Reconstrução suspeitos de terem sido solicitados indevidamente, segundo reportagem exibida pelo 'Jornal Nacional' nesta última sexta-feira (12). Dos 600 mil pedidos de benefício, quase da metade está sendo investigada por apresentar alguma inconsistência, que vai desde o uso de nome de pessoas falecidas até a falsificação de endereços.
Irregularidades no Auxílio Reconstrução
O relatório obtido pela ‘TV Globo’ revela que 150 mil pessoas que solicitaram o auxílio reconstrução não moram em áreas afetadas pelas enchentes de maio, 152 mil solicitantes não tiveram seus endereços confirmados e 2.700 pessoas solicitaram o benefício em mais de uma cidade. Dentre os casos suspeitos estão a tentativa de cadastro de duas ou mais famílias utilizando o mesmo endereço. A tentativa de fraude foi detectada através do cruzamento de dados do Censo, contas de luz e água, cartão do SUS, CadÚnico e Receita Federal. Segundo o ministro Paulo Pimenta, ouvido pelo ‘JN’, sem comprovação de residência através de documentos públicos, os pagamentos não serão efetuados.
Uma mulher limpa uma empresa danificada por enchentes em Porto Alegre (Foto: reprodução/Anselmo Cunha/AFP/Getty Images Embed)
Além da tentativa de fraude pela falsificação de endereços, golpistas utilizaram nomes de pessoas falecidas para solicitar o auxílio, com mais de 1.200 pedidos realizados. A reportagem mostrou o caso de Junior Cechinel, um homem que alegou falsamente morar em uma casa de outro proprietário para receber indevidamente o benefício no valor de R$ 5,1 mil. Cechinel apareceu na reportagem oferecendo endereços para inscrições fraudulentas por R$ 50 e uma parte do valor recebido do benefício. Ele, que declarou residir em Canoas, foi encontrado na praia de Quintão e estava preso por furto durante as enchentes.
Fraudes em outros programas
As fraudes também ocorrem em programas municipais, como no auxílio pago a microempreendedores em Canoas. Dienifer Massena, dona de um salão de beleza fechado desde antes das enchentes, tentou se inscrever no auxílio alegando ter sofrido danos. A nova dona do salão, Bruna Santiago, contou que também sofreu prejuízos tanto no salão quanto em suas casa, mas que não fez solicitação do auxílio. A prefeitura de Canoas informou a exclusão de Dienifer Massena do benefício.
Para a delegada da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Luciana Bertoletti, criminosos veem oportunidade em meio às tragédias: “O que a gente sempre alerta para quem sofreu algum golpe é que registre, assim que souber da prática de um crime, de um golpe, a ocorrência na delegacia mais próxima. Para o beneficiário, para aquele que quer se beneficiar do crime, ele tem que saber que vai sofrer consequências”, disse Bertoletti. Ainda segundo a delegada, caso seja comprovada a fraude, os valores terão que ser devolvidos.
Foto destaque: móveis retirados de casas são vistos nas ruas de Porto Alegre (reprodução/Anselmo Cunha/AFP/Getty Images Embed)
