Pode-se dizer que o Brasil é um país privilegiado por não sofrer por conta de furacões, como o Milton que passou nesta quinta-feira (10) pelo estado da Flórida, nos Estados Unidos. Especialistas ouvidos pela BBC afirmam que para ocorrer este evento climático no país é preciso uma série de fatores climáticos combinados.
O último, e único, furacão a atingir o país foi em 2004 em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul e se chamou Catarina, nome dado pela Marinha. Meteorologistas afirmam ser quase impossível acontecer novamente este fenômeno no Brasil.
Chances mínimas no Brasil
Para que um furacão se forme, é preciso uma combinação de fatores, como o aquecimento das águas acima de 27 °C, o cisalhamento dos ventos, isto é, mudanças de direção e velocidade das correntes.
Para Michael Pantera, meteorologista do Centro de Gerenciamento de Emergência de São Paulo, é quase impossível que um furacão volte a atingir o país, a não ser, segundo ele, que haja severas mudanças climáticas.
Já para Bianca Lobo, meteorologista do Climatempo, um dos fatores preponderantes é o aquecimento das águas do oceano, o que, segundo ela, não ocorre para ser formado um furacão. No Brasil, as águas dos oceanos mais quentes se encontram no Nordeste e chegam ao máximo de 26 °C ao ano.
Casas foram destruídas pelos ventos do Furacão Milton que atingiu a Flórida (Foto/reprodução/Tristan Wheelock/Bloomberg/Getty Images Embed)
Região inviabiliza formação de furacões
De acordo com especialistas, outro fator que inviabiliza a formação de furacões no Brasil se dá pela região na qual o país está. A proximidade com a Linha do Equador faz ser raro o fenômeno nos países da América do Sul, pois as tempestades são formadas na região do Caribe e, ao chegar à linha imaginária, elas acabam perdendo força.
Único furacão registrado
No Brasil, apenas um furacão foi registrado oficialmente, ele ocorreu em 2004. O Catarina, como foi chamado pela Marinha, atingiu os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina com ventos de 180 km/h. Este fenômeno causou destruição em mais de 40 cidades nos dois estados.
Porém, há divergências entre os meteorologistas sobre a classificação do furacão. Alguns afirmam que o que ocorreu em 2004 foi uma frente fria que mudou de direção de forma atípica. O Catarina deixou um total de quatro pessoas mortas, 518 feridas e 33 mil desabrigadas.
Michael Pantera diz que “era uma frente fria que, em determinado momento, se deslocou e fez um caminho contrário, na direção do oceano”, havendo ainda muitas discussões sobre ter sido ou não um furacão.
Como passou o Milton
Milton atingiu a Flórida, nos Estados Unidos, entre a noite de quarta-feira (09) e quinta-feira (10), inicialmente com ventos de 193 km/h, diminuindo após uma hora para a intensidade de 177 km/h.
Por fim, durante a madrugada, ele diminuiu ainda mais a sua intensidade e passou pela cidade de Tampa, na Flórida, com ventos de 144 km/h. Agora, o governo local contabiliza os estragos deixados pelo furacão Milton.
Foto Destaque: árvores foram arrancadas pelo furacão Milton (Reprodução/BRYAN R. SMITH/AFP/Getty Images Embed)