De acordo com o ministro da Educação francês Gabriel Attal, alunas francesas serão proibidas de utilizar nas escolas a abaya, um tipo de túnica comumente utilizada por mulheres mulçumanas. A decisão do último domingo (27), busca seguir a lei de 2004 que proíbe símbolos religiosos nas instituições públicas de ensino para defender o estado laico.
Em entrevista ao canal de TV TF1, Attal afirmou que “não será mais possível usar abaya na escola". A proibição da túnica - que cobre o corpo e deixa somente o rosto, mãos e pés para fora –, segundo o ministro, ocorre após o governo francês identificar um aumento de violações do estado laico nas instituições.
Ministro da Educação Gabriel Attal. (Foto: Reprodução/Sarah Meyssonier/Reuters).
Opiniões de políticos divergem
Enquanto o chefe do partido conservador Os Republicanos, Eric Ciotti, recebeu de bom grado a decisão e ressaltou que já havia a solicitado repetidamente, a deputada do partido de extrema-esquerda França Insubmissa, Clementine Autain, classificou a “política de vestimenta” inconstitucional.
"Isso é uma medida característica de uma rejeição obsessiva dos muçulmanos", afirmou Autain.
Já o sindicato de diretores escolares SNPDEN-UNSA demonstrou neutralidade a decisão. Segundo o secretário nacional Didier Georges, à Reuters, o sindicato desejava que a decisão de proibir ou não viesse dos ministros, já que o antecessor de Attal, Pap Ndiaye, havia deixado a resolução a cargo das escolas.
“Estamos satisfeitos porque foi tomada uma decisão. Teríamos ficado igualmente felizes se a decisão tivesse sido autorizar a abaya”, afirma Georges.
Abaya é uma vestimenta cultural
Em junho deste ano, o Conselho Francês de Culto Muçulmano (CFCM) declarou que a abaya seria uma vestimenta cultural e não um símbolo religioso. No entanto, o ministro da educação Gabriel Attal entende que a túnica deixa claro a religião do aluno, somente ao olhar para ele, o que iria contra o princípio da laicidade.
Foto destaque: Abaya, túnica utilizada por mulheres mulçumanas. Reprodução/RABIH MOGHRABI / AFP.