A Organização das Nações Unidas, (ONU) divulgou nesta quarta-feira (6), um relatório que alerta para as consequências do aumento da fome no mundo.
O relatório aponta que em 2021, entre 702 e 828 milhões de pessoas foram afetadas pela fome. O número cresceu cerca de 150 milhões desde o início da pandemia, entre os anos de 2019 e 2020 mais de 103 milhões de pessoas entraram para o mapa da fome, em 2021 este número chegou a 46 milhões.
Depois de permanecer praticamente inalterada desde 2015, a desnutrição saltou de 8,0 para 9,3% de 2019 a 2020 e foi a 9,8% em 2021. A perspectiva é de que cerca de 670 milhões de pessoas ainda enfrentarão fome em 2030, representando 8% da população mundial, o mesmo que em 2015, quando a Agenda 2030 foi lançada.
De acordo com a ONU o cenário reflete desigualdades exacerbadas dentro dos países devido a um padrão desigual de recuperação econômica e perdas de renda não recuperadas entre os mais afetados pela pandemia.
O estudo foi publicado em conjunto pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Programa Alimentar Mundial da ONU (PAM) e a Organização da Saúde (OMS).
O relatório analisou dados de 135 países onde a fome é um problema. (Foto Reprodução/DW).
Os dados revelam que quase 3,1 bilhões de pessoas não puderam bancar uma dieta saudável em 2020. O índice é de 112 milhões a mais do que em 2019, refletindo a inflação nos preços dos alimentos ao consumidor decorrente dos impactos econômicos da pandemia e das medidas adotadas para contê-la.
O relatório aponta que “O apoio mundial à alimentação e à agricultura representou quase US$ 630 bilhões por ano, em média, entre 2013 e 2018. A maior parte dela é direcionada aos agricultores individualmente, por meio de políticas comerciais e de mercado e subsídios fiscais amplamente vinculados à produção ou ao uso irrestrito de insumos de produção variáveis. Não só muito deste apoio distorce o mercado, como não chega a muitos agricultores, prejudica o ambiente e não promove a produção de alimentos nutritivos”.
A Organização das Nações Unidas destaca que intervenções comerciais e de mercado podem atuar como barreiras comerciais para alimentos nutritivos, minando a disponibilidade e acessibilidade de dietas saudáveis.
Foto Destaque: Globalmente, em 2020, estima-se que 22% das crianças com menos de cinco anos de idade estavam atrofiadas, 6,7% desnutridas e 5,7% estavam acima do peso. Reprodução/Monitor Mercantil.