A fabricante do chá consumido por enfermeira Edmara Silva, que morreu na quinta-feira (3), estava com o CNPJ suspenso desde 2015, segundo o site da Receita Federal. A empresa usava um nome fantasia Pro Ervas, mas na realidade chama-se Sebastião Rocha de Souza ME.
Além do chá emagrecedor, a empresa, que antes usava o nome Mil Ervas, fabricava outros produtos que também estão proibidos de serem comercializado, como o Unha de Gato com Uxi Amarelo, Castanha da Índia, Valeriana e do Super Chá SB. A empresa está registrada em diários oficiais da União e foi proibida de fabricar e comercializar seus produtos no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em ao menos três ocasiões desde 2012.
Os produtos são comercializados em diversos sites, mesmo sendo ilegal (Foto: Reprodução/Instagram)
Os produtos são comercializados normalmente em diversos sites e e-commerces, mesmo sendo ilegal. O 50 Ervas Emagrecedor, que é vendido em cápsulas e é supostamente natural, contém ervas como carqueja e mata verde em sua composição, duas substâncias hepatotóxicas, que podem causar danos ao fígado.
Segundo sua família, Edmara extremamente saudável. (Foto: Reprodução/Instagram)
Em uma entrevista para o UOL, a professora de educação física Monique de Abreu Saraiva Artecio, 35, prima de Edmara, afirmou que a enfermeira era "extremamente saudável" e começou a ter sintomas de enjoo há duas semanas.
Edmara Silva, de 42 anos, trabalhava no Hospital e Maternidade Santa Joana, resolveu se consultar com um médico e foi logo internada porque, na ocasião, a equipe desconfiou que se tratava de um problema na vesícula. Logo em seguida, foi diagnosticado que se tratava de uma hepatite fulminante.
Segundo a prima de Edmara, os médicos ainda realizaram mais testes para saber se a doença era decorrente de um agravamento de leptospirose ou de dengue, que geralmente são os causadores das lesões no fígado, mas os resultados para ambos os casos deram negativo. A enfermeira foi transferida para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), que é referência em casos de hepatite.
Ela estava na fila para conseguir um transplante de fígado, passou por um coma induzido e finalmente conseguiu realizar a cirurgia, que levou cerca de 12 horas, no sábado (29). No entanto, o corpo de Edmara rejeitou o novo órgão e os médicos atestaram a morte cerebral na quarta-feira (2).
Na madrugada do dia seguinte a enfermeira sofreu uma parada cardíaca e morreu.
Foto Destaque: 50 Ervas Emagrecedor. Reprodução/G1