A Polícia Federal interceptou um telefonema entre Milton Ribeiro e sua filha, ocorrido no último dia 9, em que ele disse que o presidente Jair Bolsonaro tinha um “pressentimento” sobre a operação de busca e apreensão no Ministério da Educação e que o ex-ministro poderia ser alvo de um mandado de prisão.
Durante a ligação, a filha do ex-ministro da educação pergunta como ele está, o que o mesmo responde contando o recado recebido do presidente da república:
"Milton Ribeiro- Hoje o presidente me ligou. Ele está com pressentimento novamente de que eles podem querer atingi-lo através de mim. É que eu tenho mandado versículos para ele.
Filha- Ah, ele quer que você pare de mandar mensagens?
Milton- Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né..."
Milton Ribeiro na sua posse, quando foi ministro da educação. (Foto: Reprodução/Isac Nóbrega/PR)
Essa conversa ocorreu 13 dias antes da PF realizar uma operação de busca e apreensão e prender Milton Ribeiro, com outras quatro pessoas. O pastor presbiteriano foi preso preventivamente acusado de prevaricação, advocacia administrativa, corrupção passiva e tráfico de influência.
Após essa interceptação, a Polícia Federal voltou a levantar suspeitas de vazamento de informações sobre as operações da organização, através de Jair Bolsonaro. Por isso, o Ministério Público solicitou a remessa do caso para o STF a fim de apurar se houve, ou não, interferência no caso por parte do presidente.
O Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) vão analisar as provas e avaliar se a investigação deverá continuar na suprema corte ou voltar à primeira instância.
Neste momento Milton Ribeiro está livre após um habeas corpus apresentado pela sua defesa e aceito pelo desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1º Região. Os outros quatro presos também foram liberados um dia após a prisão.
Foto Destaque: Bolsonaro junto com Milton Ribeiro, enquanto ele era Ministro da Educação. Reprodução/Clauber Cleber Caetano/PR