A três dias do segundo turno, as eleições legislativas na França são o palco de um combate politico onde agressões e incitações têm levado intranquilidade aos eleitores. Este é um pleito que poderá trazer ao poder, sem precedentes, um governo de direita. Até um site que apoia o partido de Le Pen pregou hostilidades a advogados de oposição.
O partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, obteve com os votos de domingo (30) um terço dos votos válidos, superando a Nova Frente Popular e a aliança formada em torno de Emmanuel Macron.
O que tem ocorrido
A contar desse momento, os candidatos e seus correligionários, e até a porta-voz do governo, Prisca Thevenot, têm sido vítimas de ataques verbais ou mesmo físicos. Thevenot, descendente de imigrantes, advertiu para “um crescimento de declarações e agressões racistas” antes do ataque que sofreu. Ataque esse que ocasionou a detenção pela Polícia, na quarta-feira (03), de quatro pessoas, dentre as quais três são menores, na comuna francesa de Meudon, periferia sudoeste de Paris. Ela, em entrevista à TV francesa TF1, disse que por ser mãe de crianças mestiças sentia medo, pois no incidente dois de seus aliados chegaram a se ferir.
A votação ocorrerá, domingo, 7 de julho (Foto: Reprodução/Stock/Getty Images Embed)
A investida contra a porta-voz do governo não é o único ataque político feito desde que as eleições legislativas foram antecipadas surpreendentemente pelo presidente Macron. Estas eleições estavam marcadas para 2027, na sequência da vitória da extrema-direita em 9 de junho.
A candidata às eleições de Paris, a esquerdista Danielle Simonnet, tornou público que na terça-feira passada, extremistas de direita atacaram fisicamente três de seus aliados enquanto estes penduravam cartazes de campanha.
Outras denúncias
Na região vinícola de Savoie, no sudeste francês, a candidata Marie Dauchy fez chegar à mídia que um comerciante a agrediu em um espaço público e não muito longe dali, Olivier Véran, um ex-ministro, acusou indivíduos de promoverem um ataque traiçoeiro contra um correligionário. “Podemos nos opor democraticamente, mas não podemos nos atacar verbal ou fisicamente”, lastimou-se o primeiro-ministro francês Gabriel Attal.
A três semanas dos Jogos Olímpicos, mesmo que não possa identificar claramente os riscos, dada a natureza incerta da votação, o governo planeja destacar 30 mil policiais para evitar possíveis quebra-quebras a partir de domingo à noite, quando os resultados serão conhecidos.
Foto Destaque: Manifestantes reunidos em protesto na Place de la Republique, França/2024 (Foto: Reprodução/Mohamad Salaheldin Abdelg Alsayed/Getty Images Embed)