Mulheres continuam enfrentando disparidades salariais em relação aos homens, mesmo com níveis mais altos de escolaridade. É o que revelou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seu estudo “Estatísticas de Gênero”, divulgado nesta sexta-feira, em alusão ao 8 de março, data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher.
Segundo o instituto, em média, as mulheres recebem 21% menos do que os homens, com a desigualdade mais acentuada nas áreas intelectuais e científicas, onde a diferença salarial chega a 36,7%. Os dados referentes a 2022 também destacam que 21,3% das mulheres com 25 anos ou mais possuem ensino superior, enquanto entre os homens esse índice é de 16,8%. No entanto, a presença feminina nas áreas de Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática (CTEM) é significativamente menor, representando apenas 22% dos formandos, em comparação com 23,2% há uma década.
Mesmo mais escolarizadas, mulheres ganham 21% menos que homens (Foto: reprodução/Pixabay)
Desigualdade é evidenciada no cotidiano
A desigualdade se estende além do mercado de trabalho, evidenciando-se em diversas esferas da sociedade. Mulheres de etnia preta ou parda enfrentam condições mais adversas, com menor participação na força de trabalho, maior envolvimento em trabalhos domésticos e menor acesso ao ensino superior em comparação com mulheres brancas.
A ascensão a cargos de liderança também é desafiadora para as mulheres, que ocupam apenas 39% dessas posições, em contraste com os 61% dos homens. A dificuldade é ainda mais evidente em setores predominantemente masculinos, como Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura, onde apenas 16% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres. Apesar das barreiras, quando conseguem chegar ao topo em tais áreas, as mulheres tendem a receber uma remuneração 28% superior à dos homens.
Trabalho doméstico
Além das disparidades profissionais, o estudo do IBGE destaca a sobrecarga de trabalho doméstico enfrentada pelas mulheres. Elas dedicam em média 21,3 horas semanais a afazeres domésticos, quase o dobro do tempo dedicado pelos homens. Essa carga adicional se reflete na menor participação das mulheres no mercado de trabalho, que ainda não se recuperou aos níveis pré-pandemia, especialmente entre aquelas que vivem em lares com crianças pequenas.
Foto Destaque: desigualdade de gênero no trabalho (Reprodução/desigualdades.cl)