O desfile foi realizado no último fim de semana em Piraí do Sul. Agora, está sendo investigado pelo Ministério Público após colocar crianças negras vestidas de escravos, com correntes, bolas de alumínio e roupas simples para representar o período escravocrata no Brasil. O vídeo do ato cívico foi publicado no perfil do Instagram da prefeitura de Piraí do Sul e dividiu opiniões nos comentários.
A prefeitura municipal se manifestou sobre o caso através de uma nota: "O município entende que em momento algum o ato ficou caracterizado como ofensa aos negros nem se destinou a qualquer desrespeito a dignidade da pessoa humana. Levando-se em consideração o contexto, tanto no momento do desfile quanto das ações da escola, repudia-se qualquer menção ao racismo ou outra forma de preconceito". A Secretaria do Estado da Educação e do Esporte (Seed) disse que as crianças do vídeo são da escola municipal do local.
Roupas de crianças no desfile. (Foto: Reprodução: Youtube)
A repercussão nas redes sociais também trouxe o debate sobre como a escolha dos papéis para o ato interfere na vida das crianças negras que participaram. Para Luiza Mandela, especialista em cultura afro-brasileira, todos os aspectos serão afetados: “Cognitivos, intelectuais, psicológicos. Crianças negras que não se veem positivamente terão problemas sérios na construção e fortalecimento das suas autoestimas. A criança precisa ter a sua construção identitária feita de forma positiva, para que se sinta fortalecida e pertencente à essa sociedade. O racismo tira nossa dignidade diariamente, e não podemos mais admitir que seja praticado impunemente.”
O evento aconteceu na Avenida Bernardo Barbosa Milléo, e teve a participação de estudantes, autoridades e associações. A prefeitura afirmou também que o intuito do desfile era abordar momentos históricos de grande relevância, como a descoberta do país, a escravidão e abolição da escravatura e de acordo com os promotores, por envolver crianças, a apuração é sigilosa.
Foto Destaque: Crianças negras vestidas de escravos. Reprodução: Twitter.