Um dia depois de ter declarado que desejava a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado federal Gilvan da Federal (PL-ES) subiu à tribuna da Câmara nesta quarta-feira (09) para se retratar publicamente.
A fala do parlamentar, feita durante uma sessão da Comissão de Segurança Pública da Câmara, repercutiu fortemente dentro e fora do Congresso, com críticas de colegas de diversos partidos, inclusive do seu próprio.
Retratação
O deputado Gilvan da Federal declarou nesta quarta: “Aprendi com meu pai que um homem deve reconhecer os seus erros”, disse. “Ontem, na Comissão de Segurança Pública, estávamos debatendo um projeto para desarmar os seguranças do descondenado Lula, e eu disse que, se ele tivesse um infarto ou uma taquicardia e morresse, eu não ia ficar triste. Um cristão não deve desejar a morte de ninguém. Então, eu não desejo a morte de qualquer pessoa”, completou. O parlamentar ainda reiterou seu posicionamento político, mas admitiu que reconhece que exagerou na fala.
O deputado Gilvan da Federal (PL-ES) disse nesta terça-feira que deseja que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) morra (Vídeo: Reprodução/YouTube/Poder360)
A declaração original ocorreu enquanto Gilvan defendia a aprovação de um projeto de sua relatoria, que prevê o desarmamento da equipe de segurança presidencial. A proposta foi aprovada na comissão, mas ainda deve passar pelo plenário da Casa.
Reações políticas e investigação
As palavras do deputado geraram reações imediatas. A Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou uma notícia de fato à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal, pedindo que medidas fossem tomadas e que o caso seja investigado sob possível crime contra a segurança institucional.
Entre os críticos da fala, destacaram-se senadores do próprio PL. Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, afirmou que declarações como essa são "reprováveis" e que “não é essa a postura que se espera de um parlamentar que está ali para discutir assuntos sérios”. Omar Aziz (PSD-AM), Jorge Kajuru (PSB-GO) e Carlos Portinho (PL-RJ) também se manifestaram contra o discurso de Gilvan.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), fez um apelo por responsabilidade, citando uma frase do Papa Francisco: "Quando você comemora a morte de alguém, o primeiro que morreu foi você mesmo". A controvérsia reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão no ambiente político e o dever de civilidade dos representantes públicos, especialmente quando ocupam cargos ligados à segurança institucional.
Foto destaque: Gilvan da Federal (PL-ES) se retratou da declaração feita na terça-feira (Reprodução/X/@costajr2023)