Um estudo divulgado pelo site alemão Deutsche Welle, a DW como é conhecida no Brasil, mostra que cerca de 6% dos jovens alemãs, estão dependentes de jogos virtuais e redes sociais. São cerca de 680 mil pessoas nessa situação, o dobro do que era antes da pandemia de Covid-19.
Durante o período de lockdown, onde as restrições impostas pelos governos no mundo para evitar a expansão da doença, jovens relataram na pesquisa que, após a proibição de ir a rua, parques, escola ou seja, encontrar outros amigos, a solução foi se apegar aos aparelhos eletrônicos. Segundo relato de Paul, um cidadão de Berlim que na época das restrições em 2020 tinha 16 anos e viva o auge de sua adolescência, afirma que "A única coisa que se podia fazer era ficar no quarto jogando no computador ou no smartphone e postando nas redes sociais”. Complementa ele, que hoje está com 19 anos e conseguiu regressar ao mundo real, diz que muitos dos amigos não conseguem desapegar do mundo virtual ainda.
Estudo conduzido pelo Hospital Universitário Hamburgo-Eppendorf (UKE) em parceria com a seguradora de saúde DAK-Gesundheit, mostra que o vício desses jovens, desde o ano de 2020 subiu rapidamente. Nas respostas dos entrevistados, cerca de 680 mil deles afirmaram que passam pelo menos 5 horas em aparelhos eletrônicos, seja usando para jogos ou redes sociais. Esses resultados para os pesquisadores foram considerados assustadores, "Infelizmente, a esperança de que o aumento do tempo de uso e do vício diminuísse nos últimos anos não se concretizou," diz um dos cientistas responsáveis pelo estudo.
Jovem adolescente jogando na internet em seu computador (Foto: Reprodução/Freepick)
Na Alemanha se foi criada uma clínica especializada em pessoas dependentes em mídias sociais, e segundo o psicólogo Kai Müller que é o responsável por ela, diz que os pais levam muitas vezes os filhos até lá, compulsoriamente por vezes, quando chegam no limite e não sabem mais o que fazer com os entes.
Os quadros que são mais vistos entre os jovens é o de ansiedade, falta de comprometimento e responsabilidade com estudos e em casa, e são bastantes resistentes aos pedidos de desligamento das telas, e reagem muitas vezes com violência, seja com palavras e muitas vezes até física. Os relatos de que esquecem de comer são bastante normais. Segundo Kai Muller, "Quando as mídias te pegam numa fase de medo, decepção e dúvida, pode acontecer o que chamamos em psicologia de condicionamento emocional." Um vínculo é criado e, logicamente, isso faz com que nos agarremos a ele.”.
Outro dado importante mostrado na pesquisa é de que os meninos são muito mais propensos ao vício do que as meninas, porém ainda não há uma explicação de fato sobre o porque disso ocorrer.
O assunto gerou tanta preocupação ao governo alemão que existem campanhas educativas, na internet e na TV, do ministério da saúde do país. Kai Muller diz que há projetos e estudos em curso para desenvolver novas técnicas e opções de tratamento a esse vício e complementa que a prevenção e o diagnóstico precoce ajudam e muito no tratamento, pois previne que seja algo crônico. "Também temos pacientes cujos primeiros sintomas de dependência já existiam claramente na juventude, mas que só buscaram tratamento na idade adulta. Alguns chegaram a ficar internados, mas depois, aos 30 anos ou mais, acabam voltando, simplesmente porque o problema não vai embora” complementa o psicólogo.
O uso indiscriminado de aparelhos eletrônicos por crianças geram vários gatilhos, afirmam psicólogos (Foto: Reprodução/Freepick)
O problema é visto como saúde pública, porém não somente resolvida por meios de políticas públicas, a sociedade tem que aprender a impor e, se impor, limites e restrições no uso de ferramentas digitais. Crianças mais novas, cabem aos pais a colocar um limite, segundo psicólogos. Com o uso indiscriminado e o avanço da tecnologia, hoje pessoas de todas as idades tem acesso a computadores ou a internet, e já não é mais possível viver sem eles, porém é preciso ter um controle.
No Brasil em pesquisa recente, mostra que 81% da população brasileira acessou a internet desde o início da pandemia em 2020, sendo o ápice em 2021. Ainda não há dados sobre o consumo de jovens e sua consequência para esses no Brasil.
Foto destaque: Jovem alemão faz uso de internet. Reprodução/ Freepick.