No julgamento federal por tráfico sexual e extorsão contra Sean "Diddy" Combs, a defesa iniciou sua estratégia tentando enfraquecer o testemunho de sua ex-namorada Cassie Ventura, que afirmou ter sido vítima de uma década de abusos.
Cassie Ventura detalha agressões e controle
Cassie Ventura, cantora e modelo de 38 anos, relatou durante seu depoimento que o relacionamento com Combs, iniciado quando ela tinha 19 anos, envolveu violência física, abusos sexuais e controle psicológico. Segundo ela, o artista a impedia de manter contato com amigos, ditava suas roupas e restringia sua comunicação com a família.
Em um dos relatos, Ventura afirmou ter sido agredida em um hotel em Los Angeles, em 2016. Ela também descreveu um suposto estupro ocorrido em 2018, após o término da relação. Ainda segundo seu depoimento, era obrigada a participar de sessões sexuais organizadas por Combs, chamadas de “freak-offs”, que seriam registradas em vídeo e utilizadas para coagi-la.
A testemunha afirmou ter sido drogada em diversas ocasiões antes dessas sessões e que sua permanência ao lado de Combs se dava por medo de represálias e pelo isolamento social imposto por ele.
Defesa apresenta mensagens e acordo judicial
A equipe de defesa de Combs exibiu mensagens de texto trocadas entre ele e Ventura, nas quais ela demonstrava, segundo os advogados, consentimento com os encontros descritos. Um dos exemplos apresentados foi uma mensagem de 2009, em que Ventura dizia estar “sempre pronta para um freak-off”.
Ventura confirmou a autenticidade das mensagens, mas explicou que se sentia pressionada e ameaçada na época, e que muitos dos conteúdos não refletiam seu verdadeiro estado emocional. A defesa também mencionou um acordo extrajudicial firmado entre os dois em 2023, no qual Ventura recebeu US$ 20 milhões para encerrar uma ação anterior de natureza similar.
Durante o interrogatório, o juiz responsável alertou a defesa sobre a duração das perguntas, considerando que Ventura está grávida e o depoimento já ultrapassava seis horas. A testemunha deve retornar ao tribunal na próxima semana para a continuação do julgamento.
Documentário relembra ascensão de rapper e acusações criminais
O documentário "Diddy: Como Nasce um Bad Boy", lançado em maio deste ano pelo serviço de streaming Globoplay e exibido pelo canal GNT, apresenta a trajetória de Sean Combs, conhecido como Puff Daddy ou P. Diddy. A produção reconstrói desde sua infância no Harlem até sua ascensão como produtor musical, empresário e um dos nomes mais influentes do rap nos anos 1990. O conteúdo inclui depoimentos de amigos, ex-funcionários, artistas e outras pessoas próximas ao artista ao longo das últimas décadas.
Trailer do documentário sobre trajetória e acusaões de P.Diddy (Vídeo: reprodução/YouTube/Peacock)
Além de abordar sua carreira e a fundação do selo Bad Boy Entertainment, o documentário também detalha episódios controversos da vida do rapper. Um deles é o trágico evento beneficente organizado por Diddy em 1991, em Nova York, que resultou na morte de nove pessoas. A produção ainda explora o estilo de vida ostentatório que marcou sua fama, incluindo festas com participação de personalidades da música, do cinema e da política.
A parte final do documentário concentra-se nas diversas acusações feitas contra o artista, incluindo relatos de tráfico sexual, abuso psicológico, agressões físicas e violência doméstica. Também são mencionadas suspeitas de envolvimento em mortes de pessoas próximas, como a ex-companheira Kim Porter e os rappers Tupac Shakur e Notorious B.I.G. Imagens, relatos e trechos de processos compõem a narrativa. A defesa de Sean Combs nega todas as acusações.
Foto destaque: Rapper acusado P.Diddy (Reprodução/Globoplay)
