A Faixa de Gaza enfrenta uma crise humanitária de proporções alarmantes, conforme alerta do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A paralisação das usinas de dessalinização, responsáveis por produzir 21 milhões de litros de água potável diariamente, associada à superlotação de hospitais e abrigos, coloca a região à beira de uma "tragédia" e eleva significativamente o risco de surtos massivos de doenças.
Ameaça a serviços essenciais
O porta-voz do Unicef, James Elder, ressaltou durante entrevista coletiva que a falta de combustível pode resultar no colapso dos serviços de saneamento. Com a interrupção do fornecimento de combustível, a coleta de resíduos sólidos é afetada, contribuindo para a proliferação de insetos e roedores, aumentando o risco de doenças.
A superlotação nos hospitais e abrigos da região, somada à escassez de água e combustível, cria um cenário desafiador. A falta de condições básicas de higiene, como banhos adequados e saneamento, torna-se uma realidade para muitos residentes. A situação se agrava com a lentidão na entrega de ajuda humanitária, resultando em condições de vida precárias.
A ONU destaca que a falta de acesso à água e saneamento adequado pode levar a um aumento significativo no número de mortes infantis. Com mais de 33.500 casos de diarreia notificados desde outubro, a Faixa de Gaza enfrenta não apenas a escassez de recursos básicos, mas também um risco iminente de epidemias que afetam especialmente as crianças.
A comunidade internacional é instada a agir diante dessa crise humanitária, buscando soluções urgentes para mitigar o sofrimento da população palestina em meio a essa tragédia anunciada.
Ataque na Faixa de Gaza (Foto: reprodução/Reuters)
Ajuda e obstáculos
Apesar do acordo para a entrada de ajuda humanitária pela passagem de Rafah, controlada pelo Egito, Israel manteve a proibição de entrada de combustível na região. Alegando que o Hamas possuía 500 mil litros de diesel armazenados. A falta desse combustível resultou na paralisação de vários serviços em Gaza, incluindo hospitais, ambulâncias, usinas de dessalinização e padarias.
Na última sexta-feira, autoridades israelenses confirmaram a entrada de um suprimento inicial de 17 mil litros de combustível, destinados à restauração dos serviços de telecomunicações. No mesmo dia, o Gabinete de Guerra israelense autorizou o envio diário de 70 mil litros de combustível para Gaza, o equivalente a dois caminhões-tanque, com a condição de que não fossem destinados ao Hamas. Contudo, essa quantidade ainda está abaixo da necessária para atender plenamente às demandas da região.
Foto destaque: Ataque na Faixa de Gaza (Reprodução/Reuters)