Cento e sessenta crianças foram resgatadas nesta sexta-feira (20) por autoridades da Guatemala. Elas estavam numa propriedade e sob domínio de uma seita chamada Lev Tahor, grupo judaico ultraortodoxo que estava sendo investigado por crimes de abusos sexuais contra menores, conforme informou o Ministério do Interior e o Ministério Público. O ministro Francisco Jiménez publicou uma nota na rede social esclarecendo que a operação permitiu que menores que estavam sofrendo abusos sexuais por membros da seita fossem resgatados, após uma busca na propriedade localizada no município de Oratorio, que fica cerca de 60 km a sudoeste da capital. O grupo teria se estabelecido na região em 2016.
Durante uma coletiva de imprensa, o promotor Dimas Jiménez esclareceu que a busca teve início depois de uma suspeita de crime de tráfico de pessoas. Além disso, a seita também era investigada por crimes de estupro, gravidez forçada e maus-tratos a menores de idade. A promotoria também disse que durante a procura no local, foi encontrada ossada de uma criança. "Tolerância zero ao abuso infantil!", ressaltou o ministro, que também ressaltou eles tiveram o apoio de profissionais do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS).
Judeus ortodoxos que vivem fora da capital da Guatemala alegam perseguição por causa de sua fé (Foto: Reprodução/Getty Images/AFP JOHAN ORDONEZ)
Investigações tiveram início em agosto
A investigação foi comandada pelo Ministério público e pode contar com policiais e uma equipe composta por vários profissionais como psicólogos e assistente sociais de várias organizações. A seita judaica Lev Tahor estava sendo observada por autoridades da Guatemala depois de denúncias de violência contra criança. No mês de agosto realizaram uma busca para verificar as condições em que os menores se encontravam, porém, essa primeira tentativa foi frustrada. Não satisfeitos, fizeram uma nova busca, no entanto, foram impedidos de falar com as crianças pelos líderes da seita.
Membros de um grupo de judeus ortodoxos na Cidade da Guatemala (Foto: Reprodução/Getty Images/AFP Johan Ordonez)
Grupo Judaico se manifesta
O grupo judaico se manifestou e descreveu as investigações como uma perseguição religiosa. A seita Lev Tahor teve início na década de 1980 e ficou conhecida pelas vestimentas escuras e por praticar uma versão ultraortodoxa do judaísmo. Eles se estabeleceram em Oratorio em 2016 depois que foram expulsos de um povoado indígena em 2014 depois de conflitos com moradores da região.
As autoridades calculam que a seita seria formada por 50 famílias guatemaltecas, além de famílias dos Estados Unidos, Canadá e de outras localidades. O objetivo das investigações é prevenir casos de abuso infantil e outras infrações graves, assegurando justiça às vítimas e proteção aos menores em situação de vulnerabilidade.
Foto Destaque: Membros do Lev Tahor (Reprodução/Dave Chidley/Canadian Press)