Nos últimos três anos os números de investigações no Brasil sobre a apologia ao nazismo, supera a média de 12 inquéritos por ano entre 2010 e 2018. Só em 2020 foram 110 casos ao longo do ano.
Conforme os dados da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da Safernet, houve um aumento de 60,7% no número de comunicação em 2020 e 2021. No ano passado foram 14.476 denúncias anônimas de neonazismo na internet, e 9.004 em 2020, e no ano de 2019 o número foi menor, cerca de 1.071. Conforme a entidade, a acusação é em referência às 894 páginas da internet, das quais 318 já foram retiradas do ar por ordem judicial.
Em entrevista para Oglobo, a Doutora em História pela PUC de São Paulo, relata que o visível aumento desse tipo de intolerância em seguida as vitórias de Donald Trump na eleição para Presidente dos Estados Unidos em 2016, e de Jair Bolsonaro no Brasil em 2018. Indica que as pessoas saíram da “deep web”, (as camadas da internet que não podem ser acessadas por mecanismos de busca) para as redes sociais, pois agora se sentem mais à vontade para “defender o indefensável”.
O assunto sobre o crime de apologia ao nazismo ganhou força pelo Brasil, depois do apresentador Monark, que fazia parte do "Flow Podcast", defender a existência de um partido nazista no Brasil, na última segunda-feira, dia 7. No mesmo programa, o deputado Kim Kataguiri, (DEM-SP) afirmou que o nazismo não deveria ter sido criminalizado na Alemanha ao fim da Segunda Guerra Mundial, que terminou em 1945. A procuradoria-Geral da República anunciou que investigará as declarações de ambos. Assim como, o comentarista da “Jovem pam” Adrilles Jorge, que também foi demitido após fazer um gesto apontado como saudação nazista, em um debate sobre o caso Monark.
Bruno Aiub e o apresentador da "jovem pam" Adrilles Jorge. Serão investigados pela Procuradoria-Geral da República, após comentário e gesto a favor do regime nazista (Foto:Reprodução/Instagram)
Segundo os promotores, Monark pode ter ofendido todas as vítimas do holocausto (genocídio que matou 6 milhões de judeus durante o governo de Adolf Hitler na Alemanha). A associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) afirmou que “o direito à liberdade de expressão não é absoluto, e repudiar o nazismo é uma tarefa permanente, que deve ser reiterada por todos”.
Foto destaque: Bandeira do Brasil e soldados nazistas. Reprodução/Brasil de fato