Em decisão polêmica, o Congresso dos Estados Unidos incorporou ao pacote de ajuda militar (munições de artilharia, veículos blindados e outros armamentos) à Ucrânia, Israel e Taiwan, uma norma que proíbe o envio de recursos americanos para a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em língua inglesa). O montante de US$ 95 bilhões em ajuda militar e financeira para os aliados dos americanos foi incluído por pressão de congressistas conservadores e acontece no momento mais agudo da crise humanitária na Faixa de Gaza. Pois a ONU vem alertando ao mundo que a fome é uma realidade no território e que milhares de pessoas correm risco de morrer de inanição.
Reação ao bloqueio
A UNRWA reagiu ao bloqueio de recursos e encara a ação decisão do Congresso americano como uma grande lacuna no orçamento operacional anual, o que torna mais difícil a ajuda à população que reside na Faixa de Gaza. A agência desde 1949 se responsabiliza pela maior parte da ajuda destinada aos refugiados palestinos não só na Faixa de Gaza, inclusive na Cisjordânia, Líbano, Síria e Jordânia. Tem sob sua administração, centenas de escolas, hospitais e centros de distribuição de alimentos para os milhões de palestinos que se tornaram refugiados após a criação do Estado de Israel. O investimento financeiro americano fará falta aos palestinos, já que 87% de todos os recursos atualmente ficarão suspensos.
Palestinos aguardam chegada de ajuda humanitária em Deir al Balah, cidade no norte de Gaza (Foto: reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)
ONU envolvida em polêmicas
Para o governo israelense, a Organização das Nações Unidas (ONU) é um instrumento que chama a atenção para os refugiados e perpetuando uma crise que nunca foi resolvida. A questão dos refugiados expulsos de áreas onde viviam antes da criação de Israel segue sendo um dos pontos mais polêmicos de todas as discussões que englobam sobre um possível acordo de paz entre os dois lados. Após o início da guerra na Faixa de Gaza, instalou-se uma crise quando Israel afirmou que funcionários da agência teriam colaborado com o Hamas nas atrocidades cometidas no dia 7 de outubro do ano passado. A informação deflagrou uma investigação e afastou cerca de 12 funcionários da agência. Diante do fato, países como governos Austrália, Canadá, Finlândia, Alemanha, Islândia, Japão e Suécia suspenderam os financiamentos destinados a agência.
Foto destaque: Congresso dos EUA corta verba para ONU (Reprodução/ Kevin Dietsch/Agência Reuters)