O México tem uma nova presidente, e pela primeira vez, uma mulher chega ao poder. Segundo a projeção oficial do Instituto Nacional Eleitoral (INE), a candidata governista Claudia Sheinbaum foi eleita neste domingo (02). Ela teria obtido entre 58,3% e 60,7% do total dos votos válidos nas eleições. Sheinbaum é apoiada pelo atual presidente, que está saindo do cargo, Andrés Manuel López Obrador.
A segunda coloca, Xóchitl Gálvez, admitiu derrota em um discurso a seus eleitores e afirmou ter ligado para Sheinbaum para parabenizar pela vitória no pleito. O terceiro colocado foi Jorge Álvarez Máynez, que segundo as projeções, teria ficado com 9,9% e 10,8% do total de votos. Os números finais estarão disponíveis somente a partir da quarta-feira (05), após o fim da apuração dos votos distritais.
Quem é Claudia Sheinbaum
Formada em física pela Universidade Nacional Autônoma do México, a Unam, pós-graduada em engenharia ambiental, com mestrado e doutorado em Engenharia Energética, Claudia foi, entre os anos 2000 e 2006, secretária do Meio Ambiente do então governador da Cidade do México e atual presidente, López Obrador.
A partir de 2007, ela era da equipe do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, que recebeu o prêmio Nobel da Paz, em 2007, junto do ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore.
Cláudia foi uma das fundadoras do partido Morena, Partido Movimento de Regeneração Nacional, em 2014, junto de López Obrador. Em 2018, foi eleita como chefe de governo da Cidade do México, e depois prefeita, sendo a primeira mulher a ocupar este cargo.
Durante seu mandato como prefeita entre 2018 e 2023, ela teve de enfrentar a pandemia de Covid-19, assim como o restante do mundo, e um acidente interno, um acidente em uma linha de metrô na Cidade do México, no qual a prefeitura mediou um acordo entre as vítimas e o magnata Carlos Slim, dono da empreiteira responsável pela obra onde ocorreu o incidente. O caso não chegou ir para a justiça.
Licença para concorrer à presidência
Em 2023, ela pediu licença do cargo para tentar se eleger ao cargo máximo de presidente do México, e à época afirmou que deixava o cargo porque “quero ser a primeira mulher na história a liderar os destinos da nação”. Ela, que é apoiada pelo atual presidente Andrés Manuel López Obrador, e considerada fiel escudeira dele e sempre afirmou que manterá as políticas de seu antecessor.
Em debates presidenciais durante a corrida eleitoral, ela sempre demonstrou uma postura forte sempre que era atacada pelos opositores. Muitos a consideram como uma pessoa fria por conta disso, e esse estilo a ajudou a conquistar votos.
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México tem nova presidente eleita (Foto: reprodução/Getty Images Embed/CARL DE SOUZA /AFP)
Como deverá ser seu mandato
Com apoio incondicional do atual presidente e amigo, Claudia Sheinbaum afirmou que irá governar com total independência, apesar de sua relação pessoal com López Obrador. Na ocasião, ela disse ser segura de si e que mesmo muitos afirmando que ela não tem personalidade, por sua aproximação ao presidente, ela agirá de maneira própria ao conduzir o México.
Seu maior desafio será lidar com a crise na segurança pública do México. Os cartéis de drogas dominam e controlam diversas partes do país. Desde 2006, cerca de 450 mil pessoas foram assassinadas, e desde então o governo colocou militares nas ruas para combater os criminosos.
Os dados de 2023 mostram que houve uma redução de 5% em relação ao ano anterior no número de mortos, mas esse problema não parece estar perto de ser solucionado.
O sequestro também é outro crime que acomete o México, executado principalmente por esses cartéis de drogas. São cerca de 110 mil pessoas que estão desaparecidas no país. O atual governo nega o aumento deste tipo de crime, mas os dados mostram o contrário.
Economia
Na economia, a candidata eleita terá o desafio de conservar os programas sociais, juntamente com o déficit da economia, que chegou a 5,9% no último ano, com o crescimento do PIB, de apenas 0,8% no mesmo período.
Por conta das mudanças climáticas, o país enfrenta uma seca sem precedentes e o calor extremo tem ocasionado apagões em diversas partes do país frequentemente, o que coloca em xeque a capacidade energética do país.
Foto Destaque: Claudia Sheinbaum será a primeira presidente mulher do México (Reprodução/Getty Images Embed/Luis Antonio Rojas/Bloomberg)