Em um episódio sem precedentes, Israel negou a entrada de Philippe Lazzarini, chefe da agência de refugiados palestinos da ONU (UNRWA), na Faixa de Gaza nesta segunda-feira (18). A medida, considerada surpreendente e em um momento de grande necessidade, foi confirmada tanto pela UNRWA quanto pelo Egito, destacando uma crescente tensão na região.
Lazzarini, um diplomata encarregado da agência, planejava viajar para a cidade de Rafah, em Gaza, mas foi informado de que sua entrada seria recusada, relatou a agência e autoridades egípcias.
O ministro egípcio das Relações Exteriores, Sameh Shoukry, que estava acompanhando Lazzarini em uma entrevista coletiva no Cairo, expressou sua surpresa, chamando a recusa de "atitude sem precedentes para um representante em posição tão elevada".
Crise humanitária
Desestabilizando as operações da agência, a UNRWA, a principal organização de assistência em Gaza, está em crise desde que Israel acusou 12 de seus funcionários de participação no ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro. Essa acusação levou à suspensão de 450 milhões de dólares em financiamento por 16 países, incluindo os Estados Unidos.
O incidente ocorre em meio a relatos alarmantes sobre a situação humanitária em Gaza. Um relatório apoiado pela ONU divulgado recentemente alertou sobre a iminência da fome no norte do enclave, destacando a urgência das operações de ajuda humanitária.
Ondas de fumaça durante o bombardeio israelense sobre Rafah (Foto: reprodução/Getty Images Embed)
Philippe Lazzarini lamentou a recusa de sua entrada em Gaza, especialmente neste momento crítico. Ele expressou sua intenção de melhorar as operações humanitárias na região, mas foi impedido de fazê-lo.
"Essa fome provocada pelo homem sob os nossos olhos é uma mancha em nossa humanidade coletiva", declarou Lazzarini em uma publicação nas redes sociais.
Sem pronunciamento
Enquanto isso, as autoridades israelenses não responderam imediatamente aos pedidos de comentário sobre o incidente.
A UNRWA e Lazzarini reiteraram seu compromisso em fornecer assistência humanitária à população afetada, apesar dos desafios e das tensões crescentes na região.
Foto destaque: palestinos aguardam para receber alimentos para os refugiados na Faixa de Gaza (Reprodução/ REUTERS/ Mohammed Salem)