A polícia federal iniciou, nesta sexta-feira (11), uma operação para apurar a suposta tentativa da venda ilegal de presentes oferecidos ao governo anterior por delegação de outros países. O esquema teria sido conduzido por advogados e militares ligados ao até então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Sobre as joias
Joias foram dadas ao ex-presidente Bolsonaro pelo rei da Arábia Saudita em 2019 (Foto: produção/Amanda Perobelli/REUTERS)
O presente que continha um colar, um anel e um par de brincos de diamante foi achado dentro da mochila de um assessor de Bento Albuquerque, agora ex-ministro de Minas e Energia. Dessa forma, a Receita Federal apanhou as peças, que não foram declaradas, no aeroporto de Guarulhos, no estado de São Paulo, em 26 de outubro de 2021.
Entendendo o caso pela cronologia
Cronologia do percurso realizado pelo Rolex (Foto: reprodução/CNN)
13 de junho de 2022: ao se separar do cortejo presidencial, Cid vai de Miami até Willow Grove, cidade localizada na Pensilvânia. Chegando lá, ele vai até a sede da loja “Precision Watches” e realiza a venda do relógio “Rolex Day-Date”, que integrava o denominado “Kit Ouro Branco”, presenteado ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro, pelo rei Salman Bin Abdulaziz al Saud, durante sua visita oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2019;
13 de junho de 2022 (mesmo dia): após formalizar a venda do rolex, juntamente com o relógio da marca “Patek Philippe”, o montante de US$ 68 mil foi depositado, no mesmo dia, na conta bancária de Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cesar Barbosa Cid e amigo de Bolsonaro.
14 de março de 2023: o item foi recuperado pelo advogado Frederick Wassef, que voltou com o bem ao Brasil, em 29 de março de 2023; 2 de abril de 2023: Mauro Cid e Frederick Wassef se encontraram em São Paulo, ocasião em que a posse do relógio passou para Mauro Cid; 2 de abril de 2023 (mesmo dia): Cid retornou para Brasília, entregando o relógio para Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente.
4 de abril de 2023: os advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro entregaram o terceiro pacote de joias presenteado pela Arábia Saudita, que inclui um relógio Rolex. A entrega aconteceu em uma agência da Caixa, em Brasília.
Posicionamento da defesa de Bolsonaro
Em entrevista para a CNN, Fábio Wajngarten, um dos advogados do político e ex-Secretário executivo do Ministério das Comunicações, disse que ele e a equipe que compõe o time jurídico do de Bolsonaro desconheciam a operação de recompra do rolex dos Estados Unidos. Segundo Wajngarten, que também foi secretário de comunicação durante o governo Bolsonaro, ele estava apenas orientando Cid juridicamente sobre como tudo deveria proceder, mas garantiu desconhecer o paradeiro das joias.
“A defesa não sabia. Eu estava ali para orientá-los a se antecipar a uma decisão que o TCU tomaria, pegar as joias e entregar. Só isso. Eu não sabia onde elas estavam”, declarou à CNN.
Ao ser perguntado de não ter questionado sobre a localização do kit, Wajngarten apenas disse que aquele assunto não o cabia naquele momento.
Foto Destaque: foto de Jair Bolsonaro quando era presidente do Brasil. Reprodução/Alan Santos/PR/Gazeta do Povo