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Caso Marielle: Lessa afirma que irmãos Brazão monitoravam outros políticos do PSOL

Laerte Silva de Lima e sua esposa, considerados como ‘braços armados’ da milícia de Rio das Pedras, foram infiltrados no partido para monitorar os passos de Marielle e outros membros da sigla. O dois estão presos

27 Mai 2024 - 16h04 | Atualizado em 27 Mai 2024 - 16h04
Caso Marielle: Lessa afirma que irmãos Brazão monitoravam outros políticos do PSOL Lorena Bueri

Assassino confesso de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa, afirmou durante mais uma delação homologada pelo Supremo Tribunal Eleitoral (STF) que o plano de espionar o PSOL não se restringia à vereadora, mas também visava outros políticos do partido.

Delação

Em seu depoimento à Polícia Federal, Lessa declarou que os irmãos Brazão infiltraram Laerte Silva de Lima e sua esposa, Erileide Barbosa da Rocha, no PSOL. O casal atuava como um "braço armado" da milícia de Rio das Pedras, localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Ronnie também declarou que o Domingos Brazão, não tem papas na língua, ele simplesmente fala que colocou um espião no PSOL, partido no qual Marielle pertencia antes de ser morta. O nome desse espião é Laerte, depois Lessa descobriu que ele se tratava de um miliciano de Rio das Pedras. Uma pessoa responsável por várias atividades da milícia dentro da comunidade. Ele trazia informações para os irmãos com relação ao PSOL em sigilo.

Marcelo Freixo diz que Lessa é um psicopata, é uma pessoa sem qualquer respeito a vida e se perguntou quantas pessoas ele já havia matado antes de Marielle. Freixo também pontuou que a psicopatia dele é bem como sua covardia e que se somam a um Rio de Janeiro onde crime, polícia e política não se separam.


A direita Laerte da Silva Lima e a esquerda ficha de filiação ao PSOL de Laerte Silva de Lima — (Foto: Reprodução/G1)


Foi a primeira vez que Lessa confessou ter cometido o crime que levou à morte de Marielle e Anderson. Em um depoimento gravado de duas horas, Lessa revelou a identidade dos mandantes, o valor que receberia pelo assassinato e o paradeiro da arma utilizada no dia 14 de março de 2018.

Laerte e Erileide foram filiados ao partido em abril de 2017, nessa época Lessa começou a buscar informações na internet sobre Marcelo Freixo, uma das principais figuras do PSOL na época. Em 2019, Lessa confessou em depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que havia pesquisado na internet sobre o então deputado federal.

O PSOL afirmou que o casal foi expulso do partido em dezembro de 2020. "A verdadeira atuação deles já era conhecida pelo partido desde meados de 2019, mas nenhuma medida foi tomada devido à investigação em andamento. Os fatos demonstram que as milícias agem sem limites em suas atividades criminosas e frequentemente contam com o apoio de agentes do Estado, quando não são eles próprios os agentes", declarou o partido em nota.

Quem é Laerte

Laerte, miliciano de Rio das Pedras, foi preso em 2019 durante a Operação Intocáveis, que surgiu como um desdobramento das investigações do caso Marielle. Em 2020, ele obteve liberdade condicional, mas no final de 2023 foi novamente preso em uma ação do Ministério Público contra a milícia de Rio das Pedras.

De acordo com as investigações, Laerte era um dos principais responsáveis pelo recolhimento e repasse das taxas pagas por comerciantes e moradores da região. Ele também atuava no ramo de agiotagem, oferecendo empréstimos a juros extorsivos, uma atividade fundamental para os negócios da organização criminosa.

A denúncia do Ministério Público afirma que um endereço em nome de Laerte, localizado na Estrada de Jacarepaguá, n.º 3145, era considerado um "escritório" da organização.

Na delação, Ronnie também declarou que Laerte pode ter “enfeitado o pavão” e levado os Brazão para dimensionar mal as ações políticas da parlamentar.

O relatório sugere que essa animosidade poderia explicar a reação incomum de Chiquinho contra um assessor de Marielle após a vereadora se opor a um projeto de lei dele na Câmara do Rio.

O projeto em questão era o 174, de maio de 2017, que propunha a flexibilização das regras de regularização fundiária na Zona Oeste, mirando especificamente áreas de interesse da família Brazão. Na época, toda a bancada do PSOL, além de dois vereadores de outros partidos, votou contra o projeto.

O assessor de Marielle relatou à polícia que, após a votação, Chiquinho demonstrou uma irritação fora do comum, nunca vista por ele, e cobrou apoios que supostamente havia dado a Marielle em outros projetos.

Embora a lei tenha sido aprovada, foi vetada pelo então prefeito Marcelo Crivella e posteriormente julgada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça.

 

Foto destaque: Vereadora Marielle Franco (Reprodução/Instagram/marielle_franco)

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