Neste sábado, dia 11, caciques e líderes indígenas, de cinco etnias diferentes que residem no Vale do Javari, se reuniram na sede da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) para contestar a posição tomada pelo presidente Jair Bolsonaro diante do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips.
No encontro, os principais líderes das etnias Kanamari, Kulina, Marubo, Matís e Mayoruna criticaram a falta de apoio por parte da presidência da Funai e realizaram uma homenagem para Bruno, considerado um irmão por esses povos. As lideranças também convocaram todos os parentes a participarem das buscas e traçaram novas estratégias para manter a equipe de vigilância da Univaja (EVU).
Uma das lideranças ressaltou a fala de Bolsonaro em que ele diz que Dom Phillips e o indigenista estavam em uma “aventura”. O líder lembra da importância de Bruno para eles e o quanto os ajudou.
Também foi citado o nome “Colômbia”, chefe de esquemas de tráfico e pesca ilegal na região, apontado como suspeito no desaparecimento dos dois pela Polícia Federal. Um dos caciques disse abertamente que todos eles sabiam do envolvimento do traficante no caso e que não poderiam ter medo de apontá-lo como responsável.
Reunião de indígenas na sede da Unijava (Foto: Reprodução/Daniel Biasetto/OGlobo)
Os líderes indígenas falaram do aumento da violência, no Vale do Javari, desde a chegada de pescadores e garimpeiros ilegais e completaram dizendo ser uma questão de “coragem” continuar a luta para proteger seu território, que abriga a maior concentração de indígenas no Brasil. No final da reunião, foi feita a convocação para uma passeata em Atalaia do Norte, na segunda-feira.
A Presidência da República e a Funai ainda não se manifestaram sobre o que foi dito nesse encontro e nem sobre as falas do presidente Jair Bolsonaro.
Até a data em que essa matéria foi redigida, Bruno Pereira, indigenista, e Dom Phillips, jornalista, ainda estão desaparecidos. Os dois foram vistos pela última vez na manhã do domingo passado, dia 5, quando estavam indo atravessar o Rio Ituí.
Foto Destaque: Terra indígena no Vale do Javari, no Amazonas. Reprodução/Adam Mol/Funai