Vender a própria íris pareceu uma boa ideia até não ter acesso ao valor acordado. Esta semana, brasileiros que escanearam a íris para o World App, não conseguiram resgatar o dinheiro em troca de sua “impressão digital”. Usuários também relataram falta de retorno às suas dúvidas.
A iniciativa havia espalhado a coleta de informação através da íris pelas periferias paulistas, mas na terça-feira (11), retrocedeu em sua atuação no Brasil. Novos registros estão proibidos após a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) suspender um recurso de uma decisão judicial. Segundo a deliberação, a remuneração para a coleta biométrica através do olho é indevida no país.
Finalidade da coleta
Apesar da empresa alegar o escaneamento para criar uma biometria mais avançada, em entrevista ao g1, participantes da iniciativa não souberam descrever qual a finalidade ou o uso de seus dados. Em exigência, a ANPD, ordenou que o World trouxesse transparência para as informações conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
ANPD publica decisão que suspende pagamento por coleta de íris (post: reprodução Instagram/@anpdgovbr)
Sem suporte
“Avançado” de um lado, em outro sem resposta. O projeto recebeu muitas críticas dos usuários devido ao mau funcionamento do aplicativo e a falta de retorno pela equipe de atendimento. Vivian Caramaschi, de 48 anos, foi uma das afetadas pela plataforma. Em novembro de 2024 ela fez a coleta da íris, porém até hoje não recebeu suas 20 criptomoedas, chamadas “Worldcoin”, após 24h do escaneamento.
Ao entrar em contato com o aplicativo através do chat, Vivian foi redirecionada para um robô, o qual não resolveu sua reclamação. Na loja, ouviu a alegação de que havia sido banida por alguma atividade suspeita. “Mas que atividade? Não sei, e não deixei ninguém mexer no celular. Perdi a conta e o dinheiro”, contou ao g1.
Como funciona a venda da íris
O World surgiu em 2023 para diferenciar seres humanos de inteligências artificiais mediante um “World ID". É uma biometria para atestar a prova de humanidade. Atualmente, para incentivar o escaneamento da íris, a empresa tem uma criptomoeda própria que pode ser convertida em dinheiro.
A cada escâner, a pessoa recebe um valor distribuído em duas partes. Após 24h da coleta, 20 criptomoedas ficam disponíveis e as outras 28 remanescente podem ser sacadas no aplicativo ao longo de um ano. O valor final em reais pode chegar a R$ 600 a depender da cotação do dia.
Em apenas dois meses, entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, a empresa escaneou 400 mil íris. No entanto, esse número parou de ser divulgado antes mesmo da ordem judicial que proibi os pagamentos por esse tipo de ação.
Foto destaque: Olho de uma pessoa (Reprodução William Thomas Cain/Getty Images Embed)