Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, depôs na manhã desta quarta-feira (2) na Polícia Federal em Brasília. O depoimento é parte de uma série de denúncias contra Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, envolvendo assédio moral e sexual. Silvio nega as acusações.
O depoimento, que durou cerca de uma hora e meia, foi gravado e será transcrito, segundo investigadores. Minutos depois do término, Anielle deixou a sede da PF. Com as investigações ainda em andamento, a assessoria da ministra afirmou que não irá comentar sobre o assunto.
Silvio Almeida nega ter cometido assédio e vai contra as denúncias. Em nota divulgada, disse que ainda irá provar sua inocência. O ex-ministro ainda não tem data marcada para ser ouvido pela Polícia Federal, mas também prestará seu depoimento.
Denúncias contra Silvio Almeida
A ONG Me Too Brasil, que apoia vítimas de violência sexual, recebeu diversas denúncias anônimas contra Silvio Almeida, com casos que teriam se iniciado em janeiro de 2023. Um destes casos inclui Anielle Franco, que confirmou a colegas e integrantes do governo o ocorrido. Após o caso se tornar público, o ministro foi demitido no dia 6 de setembro e substituído por Macaé Evaristo.
Presidente Lula abraça Macaé Evaristo, nova titular dos Direitos Humanos (Foto: reprodução/Evaristo Sá/Getty Images Embed)
“Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi”, diz Anielle em nota divulgada à época do ocorrido.
Investigação da Polícia Federal
André Mendonça, ministro do STF, autorizou no dia 17 de setembro o início das investigações do caso, que provavelmente será tratado como importunação sexual. De maneira sigilosa, a Polícia Federal recebeu informações de uma testemunha, o que motivou à abertura do inquérito e o início de uma apuração preliminar.
O Ministério Público do Trabalho de Brasília e a Comissão de Ética Pública da Presidência também farão parte das investigações em conjunto com a Polícia Federal. O objetivo dos investigadores é que as denunciantes não tenham que descrever frequentemente a situação ocorrida, para não ocorrer “gatilhos” de lembranças indesejadas pelas vítimas. Estes depoimentos servirão também para a fase processual caso a denúncia seja aceita pela Justiça.
A PF quer usar as investigações do caso como exemplo para futuras apurações envolvendo assédio ou abuso sexual.
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República, lançou nesta segunda-feira (1) um plano de combate ao assédio como resposta ao caso envolvendo Anielle. Visando desenvolver um conjunto de ações coordenadas para prevenir o assédio e a discriminação, o plano tem a assinatura de Esther Dweck, ministra da Gestão e Inovação.
Foto Destaque: Anielle Franco (Reprodução/Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)