Na cidade de Puerto Madryn, na Argentina, muitas baleias francas que se aproximam da região costeira tem sofrido ataques de gaivotas que rasgam seu dorso para se alimentarem da pele e da gordura presente no corpo desses grandes animais. A personalidade amigável da espécie, que vive próximas aos barcos de pescadores, e sua natação lenta, tem impulsionado as ameaças feitas pelas aves, que ficam próximas de locais onde há peixes.
Risco de extinção
A caça dessas baleias por pescadores para fins comerciais já era uma realidade que acontece há mais de um século. A proibição foi decretada apenas em 1935, pela Comissão Baleeira Internacional. Estima-se que dos 100 mil exemplares que existam, restam apenas 7. A espécie apresentava 7% de crescimento ao ano até pouco tempo atrás, após novos estudos feitos pelo CONICET em 2014, agora está em 3,8%.
Depois da proibição da caça alavancada por movimento e campanhas de “adote sua própria baleia”, a sobrevivência da espécie se manteve. No entanto, nos últimos 50 anos, elas ganharam as gaivotas como novos inimigos. Os primeiros ataques foram observados no início da década de 1970. As feridas são visíveis, principalmente nos filhotes que saem para respirar com mais frequência e não possuem estratégias para se protegerem.
Baleias francas ameaçadas pelas gaivotas na região costeira da Argentina (Foto: reprodução/Toda Matéria)
Campanhas de amenização dos ataques
O documentário “E qual é a culpa da gaivota”, dirigido e produzido por Philip Hamilton, da Ocean Souls Films, procura aprofundar a problemática. “Hoje o que mais me preocupa é a incapacidade dos governos legislarem para que as coisas mudem”, afirma Hamilton. Os ataques aumentaram junto com o crescimento da população de gaivota, que se proliferaram por conta do descarte de peixes no mar e em lixões urbanos.
Em 2012, o governo provincial promoveu um método que consistia em atirar nas gaivotas quando elas estivessem em cima das baleias, chamado de “fuzil sanitário”. Várias pessoas concordaram que os ataques diminuíram, mas apenas nas regiões específicas. Não há outro lugar que registre mais ataques a baleias francas como na Península Valdés.
Ambientalistas estimam que 30% do lixo capturado é jogado no mar, apesar de ser uma prática proibida pela lei federal da pesca. Os lixões a céu aberto foram fechados e proibidos em Madryn em 2015, a fim de amenizar a proliferação das gaivotas que ameaçam a extinção das baleias.
Foto destaque: gaivotas perfurando a pela das baleias para se aliementarem (Reprodução/G1)