Com as apresentações de artistas conhecidos mundialmente e a movimentação do entretenimento, economistas estão em alerta para entender os impactos que a alta procura por ingressos, hotelaria e alimentação podem causar nos países em que acontecem alguns shows.
Os fãs vem gastando valores exorbitantes para conseguirem assistir às maiores turnês anunciadas pelo mundo. O que aconteceu, por exemplo, após Beyoncé e Taylor Swift anunciarem que fariam uma série de shows. Enquanto alguns produtos e serviços vem ajustando seus valores para que caibam no bolso dos consumidores, os shows e eventos vem na contramão com altos preços e grande procura.
Recentemente, a Suécia apontou Beyoncé como a principal causa para a inflação do país, com a "Renaissance World Tour". Segundo apuração da BBC News, a capital Estocolmo, que possui cerca de 2,5 milhões de habitantes, viu suas ruas, comércios e hotelaria serem ocupadas e lotadas de turistas, já que a diva pop se apresentou em dois shows para aproximadamente 46 mil pessoas.
Com a maior procura de produtos e serviços e a dificuldade inesperada de atender a todas essas demandas, os preços de alguns setores na cidade fatalmente aumentaram.
Beyoncé durante Renaissance World Tour na cidade de Estolcomo, Suécia (Foto: Reprodução/Getty Images)
A variação de preços não se dá somente nas cidades em que possuem os eventos, mas também podem variar na compra de ingressos que seguem essa ideia de oferta e demanda. A procura é tanta que um fã da cantora Beyoncé, Joel Barrios, revelou alguns meios utilizados para conseguir comprar ingressos: "Tive que conseguir nove números de telefone diferente para três contas diferentes na Ticketmaster com três cartões de crédito diferentes".
Os países que possuem maior procura e países com menor procura para os shows têm custos diferentes para o mesmo setor, o que foi comprovado com uma breve pesquisa realizada no StubHub, um e-commerce americano que possibilita comprar e vender ingressos, onde existe uma diferença significativa de preços para os assentos mais baratos no show da Taylor Swift.
Em Seattle, nos Estados Unidos, o ingresso custa US$ 1,200 mil, enquanto na capital do México, o valor do mesmo setor é de US$ 500.
Imagem do ingresso para The Eras Tour, show da cantora Taylor Swift (Foto: Reprodução/Empower Field)
Embora alguns acreditem e vejam nos eventos e shows um motivo relevante que justifique a inflação, Andy Gensler, o editor executivo da Pollstar, que acompanha todas as alterações na indústria global de shows, não está convencido disso. Segundo ele, mesmo que os ingressos tenham subido de valor, isso não capacita uma mudança relevante na inflação e que é uma “afirmação ridícula” acreditar que a Beyoncé tenha esse poder.
Vale salientar, que esses questionamentos se dão principalmente pela música ser um subsetor do entretenimento e não ser considerado relevante ao ponto de impactar uma grande parte do consumo de habitação ou alimentação, principalmente em países que tenham mais estrutura para receber todas as demandas. Sendo os eventos uma pequena divisão de um todo que precisa ser levada em consideração para a inflação.
Segundo o vice-presidentes de pesquisas e ações do banco de investimentos TD Cowen Stephen Glagola, a alta procura por ingressos resultou no aumento de preços no mercado secundário, podendo atingir entre 75% a 100% de valor de face.
Foto destaque: Beyoncé durante turnê. Reprodução/Instagram/@beyonce